Enquanto passam por necessidades básicas relacionadas a saúde, saneamento básico e segurança, as prefeituras de cidades pequenas do Brasil resolveram priorizar shows milionários. O tema virou alvo de polêmica e investigações e ficou famoso no país como “CPI do Sertanejo”, que aponta shows de cantores, duplas e bandas pagos com dinheiro público.
No Piauí, a situação pode ter desmembramentos. O Ministério Público do Piauí (MPPI) tornou alvo de investigação shows de alto valor em cidades do interior do estado sendo pagos com dinheiro público.
SHOW DE WESLEY SAFADÃO CANCELADO
Um dos casos que ganhou repercussão recentemente foi o cancelamento do show de Wesley Safadão por determinação judicial em São Pedro do Piauí. A apresentação, que aconteceria no aniversário da cidade, no dia 20 de junho, foi alvo de ação do juiz de direito da Comarca de São Pedro do Piauí, Ítalo Márcio, que apontou que não seria razoável a contratação de um artista de renome nacional para cantar por pouco mais de uma hora pelo valor de R$550 mil quando há outras necessidades e limitações que passam os municípios. A cidade tem cerca de 14 mil habitantes, aponta o IBGE.
No entanto, o caso não é isolado. A contratação de bandas para eventos públicos é corriqueira no interior do Piauí. Em um exemplo recente, houve o show da dupla Matheus e Kauan, em Caldeirão do Piauí, que segundo informações extraoficiais obtidas pelo OitoMeia, custou cerca de R$ 400 mil aos cofres da prefeitura. Além de Matheus e Kauan, a cidade recebeu ainda Jonas Esticado, mais uma atração de renome nacional com valor relativamente alto. Caldeirão Grande tem pouco mais de 5.500 habitantes, segundo o IBGE.
Em Matías Olímpio, outra cidade que a população não fica muito acima de 10 mil pessoas, os shows das bandas Desejo de Menina e Samyra Show custaram mais de R$ 140 mil aos cofres públicos, apontam os contratos.
Os eventos se tornaram alvos do MPPI. O órgão investiga se houve aplicação irregular de verbas públicas para as contratações das bandas nos eventos. Caso sejam comprovadas irregularidades, os gestores destas cidades podem responder processos por improbidade administrativa.(Naiane Feitosa)