Viagem ao Canadá poderia ser trocada pela Coreia do Sul

O governador Wellington Dias segue com uma caravana para o Canadá, a fim de conhecer o sistema carcerário daquele país. É sempre bom aprender com quem sabe mais e ostenta posições de destaque no primeiro mundo. As prisões do Canadá são, literalmente, coisa de cinema, com celas amplas, limpas, bem vigiadas e programas de ressocialização para os presos.
Utopia é imaginar transpor esse modelo para um país de brutal desigualdade social, com escassez de recursos até mesmo para fazer a faxina nas delegacias de bairro. Ainda mais no Piauí, onde as carências são gigantescas, e onde chega a faltar até mesmo combustível nas viaturas policiais, o número de agentes penitenciários é bem inferior ao necessário e não se consegue sequer bloquear a entrada de aparelhos celulares nos presídios.
Se era para procurar um modelo de sucesso internacional, melhor faria o governador se procurasse conhecer o sistema educacional da Coreia do Sul ou da Finlândia. Aí, sim, era possível acreditar em uma mudança verdadeira. Não dá para consertar o estado de trás para frente. O presídio está lá no fim de uma sequência de falhas na administração pública. E a primeira delas, sem dúvida, é na educação, onde começa todo o processo de desenvolvimento de um povo e pode evitar, no futuro, a superlotação nos presídios.
O estado que tem um povo educado, consciente, e com oportunidade de trabalho, tem menor índice de violência e, portanto, não precisa gastar tanto em prisões, como já dizia Darcy Ribeiro: “ Se os governadores não construírem escolas, em vinte anos faltará dinheiro para construir presídios.” E não só construir escolas, mas trabalhar para que nelas o aluno aprenda de verdade e possa tornar-se um protagonista do avanço social do seu estado.

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