Wellington Dias compra briga com o Planalto

O governador Wellington Dias assume uma operação política de alto risco ao mandar de volta para Brasília os deputados federais e secretários Fábio Abreu (PTB) e Rejane Dias (PT) exclusivamente para votarem contra a reforma da Previdência, em tramitação no Congresso Nacional. Depois da retomada do crescimento econômico, esta é a principal bandeira do governo Temer.
O retorno dos dois deputados-secretários à Câmara Federal já foi confirmado pelo Palácio de Karnak. O governador repete, assim, a estratégia que adotou há um ano, na votação do impeachment, quando mandou às pressas para Brasília os dois parlamentares para votar contra o afastamento da presidente Dilma Rousseff.
Pelos cálculos dos estrategistas do Karnak, com a manobra de Wellington Dias, o placar da votação da PEC da Previdência será alterado, então, dentro da bancada do Piauí na Câmara dos Deputados, passando de 9 votos a 1 para 7 a 3. Ainda não foi definida a data da votação.
Cara feia
O plano do Governo do Piauí já chegou ao conhecimento do Palácio do Planalto. E sua reação não foi das melhores. O governo federal lembra que as reformas foram discutidas com os governadores. Se agora alguns deles querem abandoná-las para seguir as orientações do PT, eles que arquem com as consequências.
Ainda sem os 308 votos necessários para aprovar em plenário a reforma da Previdência na Câmara, o governo vem retardando a votação. Tudo o que o governo não quer é perder voto. As contas dos votos são feitas e refeitas diariamente. O Planalto só quer pôr a PEC 287/16 em votação quando tiver segurança de uma maioria confortável. Esta maioria é buscada tanto através de afagos quanto de caça às bruxas.
A estratégia do governador Wellington Dias para essa votação pode, portanto, sair cara para ele. Em primeiro lugar, porque ele fica mal junto aos suplentes Silas Freire (PR) e Mainha (PP), que votaram a favor da reforma trabalhista. Mas o custo maior é que ele se candidata a ser alvo de retaliações do governo.
Retaliações
Em reunião com ministros e líderes aliados, o presidente Michel Temer decidiu exonerar de cargos de confiança no Executivo os indicados por aliados que “traíram” o governo na votação da reforma trabalhista. Mais de 80 governistas votaram contra a proposta, que, mesmo assim, passou com folga.
Em meio a esta discussão das reformas, o Governo do Piauí está negociando empréstimos de mais de R$ 1 bilhão junto à Caixa Econômica Federal. Basta uma cara feia do presidente e esse dinheiro não sai.
Ou seja, o plano do governador de devolver a Brasília dois deputados federais que seguem a sua orientação pode até ser bom para ajudar a reprovar a reforma da Previdência e para o PT. Mas ele será ruim para o governador e para o Estado, pois será visto como uma compra de briga com o Planalto, que já deu provas de que, nesta questão, não está para brincadeira.

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