Aos Heróis de Minas.

 

 

* Por Marcello Silva

Enquanto as montanhas sagram lamas pelos poros, vomitando desesperança pelo vale, outrora verde, homens vestindo coragem desafiam o próprio limite do corpo e da mente na tentativa de amenizar tamanha dor e desilusão neste pedaço de Minas.

Desde cão Thor, policiais, civis voluntários e bombeiros, principalmente. Esses últimos que não têm rosto e nem nome. Vestem marrons e rastejam sobre a lama a procura de um sopro de vida, quando não, por um corpo apenas que amenize a dor de uma família.

 

Heróis cansáveis com suas máscaras contra o mau cheiro. Eles choram de exaustão e dor diante da imensidão de lama; diante do corpo humano desfigurado pela cobiça; diante do seu salário parcelado em três vezes e seu 13º ainda sem previsão.

Esses heróis machucados e que sangram, mas esquecem sua própria dor em prol da dor de outrem, diante do cenário desolador. Heróis sem HQ e sem aplausos que tem sede de água e de justiça. Heróis que se reconhecem na face enlameadas do seu próximo entre os galhos.

Heróis que vibram com o aceno de um resgatado, seja ele um homem ou um cão. Heróis que amam a vida em sua mais ampla definição. Nem mil medalhas serão suficientes para recompensar teus esforços nesses últimos dias e dos dias que ainda virão.

Bombeiros de Minas, Maranhão, São Paulo, Rio… Em Brumadinho se tornam uma única corporação: Heróis de Minas e eles vestem a esperança de um país que ainda mantém a fé em acreditar em dias melhores.

Marcello Silva é contador e estudante de Direito.

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