
O secretário de Segurança Pública do Piauí, Chico Lucas, indicou que o envenenamento coletivo no Piauí pode ter mais de um suspeito. À TV Cidade Verde, ele disse que, até mesmo o próprio modo de agir, aponta que houve a tentativa de camuflar a autoria.
“A gente está bem próximo! Além do relatório do inquérito, vamos fazer um documento para que a população entenda o que aconteceu. O envenenamento envolve um subterfúgio, um instrumento que ninguém sabe. É algo incolor, inodora, insípida. Na literatura forense, a gente sabe que quem usa veneno quer camuflar a autoria, por isso, é tão difícil, ainda mais quando envolve o contexto familiar. Quem vai desconfiar de um padrasto, de uma mãe e de uma avó?!”, disse o secretário.
Para chegar à autoria do crime, a Polícia Civil leva em consideração também quem esteve na casa durante os crimes. Os irmãos de 7 e 8 anos morreram após ingerir veneno em agosto de 2024. Em janeiro deste ano, mais cinco pessoas vieram a óbito com suspeita de envenenamento. A oitava pessoa morreu na semana passada após apresentar sintomas semelhantes, mas não houve confirmação da causa da morte, até agora. Todas as vítimas são do mesmo núcleo familiar.
“Quem é que está em todas as situações? quem estava em três eventos? quem estava em dois eventos? o que eles têm em comum e o que não tem? não é algo simples. O papel do estado é elucidar os crimes e mostrar a verdade”, disse Chico Lucas.
Uma vizinha, investigada no envenenamento dos irmãos, foi presa, mas acabou sendo solta este ano, após prova técnica de que os cajus doados por ela não tinham veneno. Com a reviravolta do caso, a Secretaria de Segurança Pública do Piauí resolveu se manifestar sobre o andamento da investigação somente após a conclusão. O único preso, no momento, é Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos, que era padrastro e “vodrastro” da maioria das vítimas. Segundo Chico Lucas, o depoimento dele, no envenenamento dos irmãos, induziu a polícia ao erro, o que ocasionou na prisão da vizinha.
“A gente sente pelo erro na apuração. Não foi um erro causado por dissídio ou por inépcia dos operadores do direito, mas porque foram induzidos. No primeiro momento, tivemos o envenenamento de duas crianças e seus familiares afirmaram à polícia que foi uma determinada pessoa. A avó, o Francisco e a mãe delas apontaram a Lucélia. Esses depoimentos não são relevantes? Além disso, realizamos uma busca e apreensão na casa dela e encontramos veneno. Esse induzimento foi provocado por um dos acusados, o Francisco. Ele, a avó e a mãe das crianças – que faleceu posteriormente – colocaram Lucélia como suspeita em todos os depoimentos e foi encontrado o veneno que às vezes pode ser coincidência, porque, apesar de proibido, o chumbinho é um veneno muito comum nas casas”, explicou Chico Lucas.
