Para esses, “Lei Dilma” não vale

Por:Zózimo Tavares
Na mesma semana em que o Congresso Nacional aprova o projeto do Governo Dilma Rousseff  para burlar a Lei de Diretrizes Orçamentárias 2014, a Agência Brasil traz um levantamento nacional preocupante. A exemplo do governo federal, oito Estado estouraram suas contas no presente exercício financeiro. Mais nove Estados gastaram além do que deveriam.
O balanço indica que a situação está mais crítica em Alagoas, na Paraíba, no Piauí, em Sergipe e no Tocantins. Todos eles ultrapassaram o limite máximo de 49% da receita corrente líquida (RCL) nos gastos com o funcionalismo público. Três Estados – o Paraná, o Rio Grande do Norte e Santa Catarina – ultrapassaram o limite prudencial, 46,55% da RCL e já sofrem algumas sanções.
Se for levado em conta o limite de alerta (44,10%), o número de unidades da Federação com altas despesas no funcionalismo público aumenta para 17, com a inclusão do Amapá, Ceará, Distrito Federal,  Espírito Santo, de Goiás, Mato Grosso, do Pará, de Pernambuco, do Rio Grande do Sul e de Rondônia. O limite de alerta, no entanto, não implica sanções, apenas autoriza os tribunais de Contas estaduais e do DF a fazer uma advertência aos governadores.
Os estados que ultrapassam o limite prudencial sofrem restrições à concessão de reajustes (apenas os aumentos determinados por contratos e pela Justiça são autorizados), à contratação de pessoal (exceto reposição de funcionários na saúde, na educação e na segurança), ao pagamento de horas-extras e ficam proibidos de alterar estruturas de carreiras.
Os números mostram a deterioração das contas estaduais nos últimos quatro anos. Em dezembro de 2010, apenas a Paraíba ultrapassava o limite máximo. Goiás, Minas Gerais, o Rio Grande do Norte e Tocantins tinham estourado o limite prudencial. O Acre, Alagoas, o Pará, Paraná e Sergipe estavam acima do limite de alerta. 
A estagnação da economia nos últimos anos explica, em parte, o aumento da proporção dos gastos com o funcionalismo. Diretamente relacionada à atividade econômica, a arrecadação dos estados, que forma a RCL, passou a crescer menos que as despesas de pessoal, que dependem de acordos salariais e dificilmente podem ser reduzidas.
Os Estados que avançaram o sinal vermelho dos gastos não terão, contudo, as benesses que contemplaram o governo Dilma pelo estouro de suas contas. A presidente pode mudar a lei – como fez; os governadores, não.

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