
Quatro influenciadores digitais foram alvo, nesta sexta-feira (21), da segunda fase da Operação Laverna, deflagrada pelas Polícias Civil e Militar em Parnaíba, litoral do Piauí. Os investigados foram identificados como S.C. dos S. (Sarah Brenna), L.M.B., L.C.M.J. e J.V.A.P., conhecido nas redes como Júnior Mídia. O grupo é suspeito de atuar em crimes digitais ligados à promoção de plataformas de apostas ilegais e à realização de rifas irregulares, movimentando mais de R$ 5 milhões, segundo a Polícia Civil.

Sarah Brenna e o marido Vinícius (à esquerda) e Vitor Mídia (à direita)
As apurações indicam que Sarah Brenna, L.M.B. e L.C.M.J. usavam intensivamente suas redes sociais para divulgar jogos de apostas virtuais — entre eles o chamado “Jogo do Tigrinho” — por meio de vídeos manipulados, exposição de supostos ganhos, linguagem motivacional, sorteios e links personalizados. As estratégias, de acordo com a SSP, buscavam atrair seguidores e criar expectativas irreais de lucro.
Já J.V.A.P. concentrava sua atuação na divulgação de rifas apresentadas como beneficentes, mas sem comprovação de repasse das arrecadações. A investigação aponta que ele lucrava diretamente com a prática. A análise das contas bancárias dos envolvidos revelou movimentações financeiras incompatíveis com qualquer renda formal declarada: L.M.B. movimentou R$ 213.606,60; S.C. dos S., R$ 1.311.784,32; o marido dela, A.S.H.A.S., R$ 1.664.582,01; L.C.M.J., R$ 637.783,14; e J.V.A.P., R$ 1.173.117,64 — valor composto majoritariamente por microtransferências entre R$ 0,02 e R$ 20 enviadas por mais de 3 mil pessoas, padrão típico de rifas clandestinas.
Para o delegado Ayslan Magalhães, os elementos reunidos — ausência de declaração de renda, movimentações atípicas e uso de empresas de pagamentos digitais associadas a jogos ilegais — reforçam indícios de ocultação patrimonial, dissimulação de recursos, evasão fiscal e obtenção de vantagem econômica ilícita. As condutas podem configurar crimes como estelionato, indução do consumidor a erro, loteria não autorizada e lavagem de dinheiro.
“A Polícia Civil continuará atuando de forma firme e incansável no enfrentamento aos crimes digitais. Não vamos tolerar o uso das redes sociais para promover apostas ilícitas, rifas ilegais ou qualquer prática destinada a enganar consumidores e obter vantagens indevidas”, afirmou o delegado.
Durante o cumprimento das medidas judiciais, foram apreendidos carros, motos e relógios de luxo nas residências dos investigados.
O nome da operação faz referência à deusa romana Laverna, associada a atos ocultos e práticas fraudulentas — uma alusão ao caráter dissimulado das ações investigadas.
A Operação Laverna é conduzida pela 2ª Delegacia Seccional de Parnaíba, com apoio da Delegacia de Combate às Facções, Homicídios e Tráfico (DFHT), da Superintendência de Operações Integradas (SOI), da Diretoria de Inteligência (DINT), do LAB-LD e do Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO). O espaço segue aberto para manifestação das defesas.(Pensarpiaui)