Por:Zózimo Tavares
A criação do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste – ou simplesmente Consórcio Nordeste – está sendo anunciada como a novidade do próximo encontro dos governadores da região, a ser realizado na quinta-feira, em São Luís.
Segundo o governador Wellington Dias, trata-se de uma inciativa para firmar parcerias, otimizar resultados e economizar recursos financeiros.
Conforme seus idealizadores, com o consócio poderão ser feitas, por exemplo, compras compartilhadas entre os Estados, com redução dos custos dos produtos e dos serviços.
Também haverá parcerias em diversas áreas, como desenvolvimento econômico e social, infraestrutura, tecnologia e inovação, segurança pública, administração prisional e proteção do meio ambiente.
Como se diz no interior, a prosa dos governadores sobre este assunto está muito bonita. Mas é preciso conhecer melhor o tal consórcio para saber até onde ele vai. E se vai mesmo.
Palanque
Conhecendo, porém, a geopolítica do Nordeste não fica difícil duvidar da eficácia do consórcio.
Para começar, o Fórum dos Governadores do Nordeste foi inventado, depois da queda da presidente Dilma Rousseff, como forma de constranger o presidente Michel Temer.
O movimento segue agora a pleno vapor, com uma reunião por mês, pois todos os governadores do Nordeste são oposição ao governo Bolsonaro.
E poucos deles são marinheiros de primeira viagem. Quase todos foram reeleitos.
Então, não custa perguntar: será que antes de 2016 o Nordeste já não tinha graves problemas que pudessem ser enfrentados conjuntamente pelos seus governadores?
Ou eles só surgiram depois que o PT caiu do poder, em Brasília?
Segurança
O governador Wellington Dias cita como exemplo das ações do consórcio a recente cooperação dos Estados nordestinos, que se deram as mãos para ajudar o Ceará no enfrentamento dos ataques de violência, com a ajuda do Governo Federal.
Ora, que novidade há nisso? No tempo de Lampião, os Estados nordestinos já se uniam, já faziam força-tarefa, como se diz hoje, para combater o cangaço.
Rota das Emoções
Outra: uma experiência de um consórcio com a participação de apenas três Estados da região, e com atuação em apenas uma área – o turismo – foi um fracasso total e absoluto.
Refiro-me ao projeto “Rota das Emoções”, lançado em 2005, envolvendo o Ceará, o Piauí e o Maranhão, com o objetivo de explorar de forma integrada os santuários ecológicos do Parque Nacional de Jericoacoara, do Delta do Parnaíba e dos Lençóis Maranhenses.
O consórcio não andou, pois o que se viu depois foi cada Estado vendendo o seu peixe em separado. E e o Piauí levou a pior: o Aeroporto Internacional de Parnaíba, que seria a porta de entrada da “Rota das Emoções” acabou entregue às moscas.