Por:Atimatéia Azevedo
O PMDB é um partido que tem faro para o poder. De 1985 até aqui, esteve ausentes por curtos períodos da Esplanada dos Ministérios, onde sempre ocupou os nacos mais suculentos. O apoio da legenda centrista, uma federação de interesses, sempre foi essencial para qualquer gestão nos últimos 22 anos.
Desde Itamar até Dilma, nenhum presidente pôde se dar ao luxo de prescindir do apoio peemedebista. Isso posto, a retirada desse arrimo pode representar o debacle de um governo e é exatamente isso o que poderá ocorrer na terça-feira quando o PMDB vai se reunir em Brasília para um desembarque em massa da nau governista, que está à deriva e faz água rapidamente. A saída dos peemedebistas pode simplesmente se configurar um estouro de boiada: toda a caciqueria dos demais partidos seguiria atrás. O governo tenta se manter vivo negociando no varejo. Parece ser tarde demais, porque se Dilma assegura cargos em troca de apoio contra o impeachment, o PMDB tem pós-doutorado em toma-lá, dá-cá – no caso atual já loteando espaços em um eventual (e cada vez menos improvável) governo liderado pelo vice-presidente Michel Temer. O partido quer trocar sete cadeiras de ministros pela poltrona de presidente da República e nada parece demover os peemedebistas dessa ideia, que agrada também tucanos, também bastante dispostos a se ocuparem em cadeiras confortáveis à sombra do poder.