A lista da Odebrecht com valores financeiros ligados a políticos é um dos documentos mais explosivos divulgados ao longo da duradoura Operação Lava Jato. Primeiro porque é revelador de uma relação sistêmica de financiamento ilegal de campanhas – desde sempre e em relação a todos os partidos, não apenas os de governo, não apenas aqueles mais ligados ao capitalismo de compadrio, mas à oposição pirotécnica e até mesmo de uma esquerda mais socialista. Porém, o que de mais comprometedor há na lista são exatamente os apelidos dados a alguns dos beneficiários das doações: revela-se nesse detalhe uma relação de intimidade entre doador e favorecido. É de se dizer, uma relação de promiscuidade. Não se coloca apelido em alguém a quem não se tenha uma relação mais próxima – pelo menos na vida cotidiana, daí porque é possível depreender que aqueles com apelidos podem ter sido favorecidos não somente por doações de campanha, mas por favores financeiros que transcendem ao favor pecuniário para o que muitos chamam de “logística de campanha”. E, pelos apelidos, “Viagra’, Nervosinho, Cacique, Avião, Passivo, Caranguejo, alguém poderia imaginar que seriam tipos pertencentes às gangues urbanas e não aos respeitados e nobres políticos. Portanto, esses apelidos colocados nos políticos deixam claro que doações de campanha se constroem não sobre o império da lei e sob a luz solar, aquela que é o melhor detergente. Alcunhas são formas como se tratam pessoas cuja trajetória de vida é exposta em folhas corridas e, portanto, nem sempre dispostas a expor publicamente a forma como seus interesses são tratados.
Lista explosiva
Por: Armatéia Azevedo