
Por: Zózimo Tavares
O governo Bolsonaro parece acertar na intenção e errar na ação. Por exemplo, a decisão do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, de rebater o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não ajuda na tramitação dos projetos de interesse do Governo no Congresso.
Na quarta-feira, Rodrigo Maia desqualificou o chamado projeto anticrime apresentado por Sergio Moro. Segundo o deputado, o texto é um “copia e cola” da proposta sobre o mesmo tema que foi apresentada no passado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.
O presidente da Câmara mostrou irritação com o ministro da Justiça, ao chamá-lo de “funcionário do presidente Jair Bolsonaro” e dizer que ele “está confundindo as bolas.”
Irritação
Rodrigo Maia se mostrou incomodado com o fato de Sergio Moro ter dito que seu projeto anticrime poderia tramitar ao mesmo tempo que a reforma Previdência na Câmara. O ministro deu as declarações no lançamento da Frente Parlamentar da Segurança Pública.
Ele disse também esperar que o seu projeto anticrime “tramite regularmente e seja debatido e aprimorado pelo Congresso Nacional com a urgência que o caso requer.”
“Talvez alguns entendam que o combate ao crime pode ser adiado indefinidamente, mas o povo brasileiro não aguenta mais. Essas questões sempre foram tratadas com respeito e cordialidade com o presidente da Câmara, e espero que o mesmo possa ocorrer com o projeto e com quem o propôs. Não por questões pessoais, mas por respeito ao cargo e ao amplo desejo do povo brasileiro de viver em um país menos corrupto e mais seguro”, declarou o ex-juiz da Lava Jato, em um comunicado enviado pelo Ministério da Justiça.
Não é por aí
O presidente da Câmara é o principal articulador da aprovação da reforma da Previdência no Congresso. Certamente, ele não se sentirá estimulado a prosseguir nas negociações com o ministro da Justiça ou qualquer outro auxiliar do presidente Bolsonaro tentando interferir na agenda da Câmara.
Portanto, o ministro Moro precisa deixar de “confundir as bolas”. Talvez o presidente da Câmara não seja o de seu agrado. Mas é o que o Brasil tem. E não se governa um país democrático sem políticos experientes e bem articulados. Ainda mais em se tratando de um governo como o de Bolsonaro, com precária base parlamentar e com pautas relevantes e urgentes para aprovar no Congresso.
Sergio Moro apenas ofereceu a Rodrigo Maia mais uma oportunidade para ele, Rodrigo, se tornar mais forte na Câmara e ele, Moro, mais fraco no Ministério.