O governo Bolsonaro sofreu duas derrotas apenas ontem no Congresso Nacional.
A primeira foi a decisão da Comissão retirando o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) das mãos do ministro da Justiça, Sérgio Moro, e transferindo-o para o Ministério da Economia.
A segunda derrota foi a volta da demarcação das terras indígenas para a Funai/Ministério da Justiça. A função está hoje com o Ministério da Agricultura.
A comissão do Congresso que analisa a Medida Provisória da reforma administrativa decidiu mudar o controle do Coaf do Ministério da Justiça apesar do discurso do governo de que a permanência do órgão na pasta era fundamental para o combate à corrupção.
Após três dias de sessão, a votação foi nominal: foram 14 votos a favor da mudança e 11 contra. O governo errou feio nos cálculos, pois esperava manter o conselho com Sergio Moro com pelo menos 15 votos na comissão.
Siga o dinheiro
Criado em 1998, o Coaf é um órgão de inteligência financeira que investiga operações suspeitas.
O Coaf recebe informações de setores que são obrigados por lei a informar transações suspeitas de lavagem de dinheiro, como bancos e corretoras.
O conselho analisa amostras desses informes e, se detectar suspeita de crime, encaminha o caso para o Ministério Público. É, portanto, uma arma poderosa para desvendar a trilha do dinheiro que alimenta a corrupção e o crime organizado.
O governo ainda tem como se recuperar, pois a MP ainda precisa ser votada também nos plenários da Câmara e do Senado até 3 de junho. Ou seja, a mudança do Coaf para o Ministério da Economia ainda pode ser alterada pelos plenários das duas Casas.
Porém, no andar da carruagem, com o governo ainda com articulação precária no Congresso, incapaz até de antever uma derrota, não haverá reforma da Previdência. E o governo Bolsonaro corre o risco de se acabar no começo.