Por:Fenelon Rocha
Quanta distância entre janeiro de 2003 e novembro de 2019. No início de 2003, Lula assumia o Planalto sob o olhar esperançoso do mundo. Quase 17 anos, o agora ex-presidente sai da cadeia com registros da imprensa internacional que acentua não apenas aspectos controversos do julgamento do petista como possíveis desdobramentos preocupantes pelo fim da prisão em segunda instância – que deve por fim de vez à Lava Jato e colocar nas ruas a 5 mil presos. Hoje, Lula está longe de inspirar a esperança de antes. E o Brasil também.
Quando tomou posse em 2003, Lula encantou meio mundo por um bom tempo. Mas o vaso de porcelana começou a trincar já em 2005, com o Mensalão, depois recebendo novas fissuras com outros episódios negativos, desde os cartões corporativos até o Petrolão. O Brasil que encantou foi aos poucos voltando à leitura de sempre: uma república de bananas. Nessa volta à velha imagem, o Petrolão foi especialmente responsável.
A soltura de Lula, ontem, recebeu aplausos de poucas lideranças políticas relevantes, quase todas aqui mesmo no continente. Um dos mais efusivos foi Nicolás Maduro, que nunca passou muito de uma caricatura de líder. Cristina Kirchner festejou, mas já não tem o peso de antes, carregando o mesmo tipo de acusação que o ex-presidente brasileiro. Sobram poucos com voz ressoante, como Alberto Fernández (mesmo ainda um subproduto de Cristina) e Bernie Sanders.
Na imprensa, o registro da soltura foi imediato. Mas sem empolgação. Quando muito, colocando Lula como contraponto a Bolsonaro. É muito pouco para quem já foi a esperança de meio mundo.