O secretariado denorex

Por Arimatéia Azevedo

O novo secretariado do governador Wellington Dias, anunciado ontem, consegue a proeza de manter quase os mesmos nomes de antes, e, quando há alguma mudança, são tanto sutis quanto inacreditáveis. Na verdade, de novo o secretariado não tem absolutamente nada, exceto a repetição de aparentes acordos e conchavos políticos, com o acréscimo de que muitos deputados saíram fortalecidos porque ocupam dois lugares ao mesmo tempo.

Esses privilegiados não vão para as secretarias, continuam na Assembleia Legislativa, mas colocam os seus indicados no respectivo lugar do desejo, embora não necessariamente todos tenham sido atendidos como gostariam. Se de fato diminui a quantidade de suplentes convocados (na legislatura passada eram mais de dez) tem suplente diferenciado que ocupa o lugar de deputado e o pai ainda pousa em uma secretaria. Tem senador que repete o cargo para o filho, e tem senador que perde o cargo do amigo.

Aliás, neste último caso, tem-se uma inovação, que é alguém ficar guardando lugar para outro, que vai assumir em momento futuro. O outro senador perde espaço no governo e secretarias, bem demonstrando que o governador está atento para os movimentos de 2020, e de 2022, já se prevenindo contra esse senador que deseja fazer governador um candidato que não é do agrado dos petistas e do núcleo duro do governo.

No frigir dos ovos, as secretarias foram fatiadas ainda mais, como verdadeiras capitanias hereditárias, relembrando o tempo do Brasil colônia, em que a quantidade de pessoas que ocupam os cargos está inversamente proporcional à qualificação de cada um deles. É bem verdade que existem alguns poucos nomes que são expoentes, em qualificação pessoal, e com aptidões técnicas suficientes para ocupar mais de uma pasta. Mas também se tem deslocamentos óbvios, onde economista vai tratar de agricultura familiar, historiador vai cuidar de estradas e outros segmentos correlatos, e  analista de sistemas vai cuidar da educação.

Por estas e outras é que se pode esperar muito pouco de novidades em um secretariado que mais parece um amontoado de feudos com os seus dignitários correspondentes, com o viés político mais forte que nunca, dando a falsa impressão de um secretariado técnico, que, tal qual a propaganda do shampoo, nos anos 80, só se parece, mas não é.

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.