Opinião:O Natal em tempos de cólera

Por:Zózimo Tavares

O Brasil atravessa mais um Natal com os nervos à flor da pele. As acaloradas discussões da eleição passada ainda estão presentes.

Aquelas diferenças e desavenças que, no passado, duravam o período da campanha eleitoral, agora se prolongam indefinidamente, cada vez mais raivosas.

Assim, o que se vê, especialmente nas mídias sociais, é um espírito bélico, a prática da intolerância, a animosidade afetando as relações familiares, o ambiente de trabalho e outros grupos.

Basta uma opinião e uma discussão explode em tempo real. Nesse clima, muitas amizades são foram desfeitas e até parentescos renegados.

O que tem levado tantos brasileiros a esse extremismo? Essas posições tão radicais decorrem da crise econômica?

Ou o tal empoderamento de tantos grupos, através das mídias sociais, está provocando um efeito contrário ao que deveria, que era o de aproximar os seus usuários, hoje divididos em bolhas?

E por que se valoriza tanto a invasão e divulgação de dados e mensagens de pessoas cuja privacidade é assegurada legalmente?

Um relatório divulgado pelas empresas We are Social e Hootsuite, intitulado “Digital in 2018: The Americas”, mostrou que 62% dos brasileiros estão ativos nas redes sociais. Mas com que objetivos?

Como um país cristão pode insistir nessa guerra fraticida em que se procura desesperadamente semear a discórdia e assassinar reputações?

Vive-se, hoje, um momento particularmente propício para se refletir que, sem o desarmamento de espíritos, sem o perdão, sem a tolerância, sem a compreensão, o Natal não passa de uma hipocrisia.

O sentido do Natal é, como se sabe, o da comunhão e da renovação, pois simboliza o nascimento de Jesus Cristo, aquele que veio trazer paz, esperança e alegria para a humanidade.

O espírito natalino é, portanto, uma experiência que deve ser buscada não apenas uma vez ao ano, mas todos os dias, teimosamente. Agora, nestes tempos de cólera, mais do que nunca isso se faz necessário.

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