Círculo Vicioso
Por: Arimatéia Azevedo
A condenação imposta pelo Tribunal Regional do Trabalho ao governo do Estado pela calamitosa situação das delegacias distritais de Teresina mostra como irresponsável é a gestão do aparelho de segurança do Piauí.
O TRT, através da desembargadora Liana Chaib impôs pesada multa ao governo pelas condições mínimas de salubridade para o policial em serviço, com o reconhecimento oficial de que os distritos e demais delegacias se encontram sem higiene, ventilação adequada, local para repouso dos seus servidores e até falta de recipiente para lixo e papel higiênico. Ou seja, a Secretaria de Segurança não funciona. Seus distritos são casas de horrores. Mas a antiga prática do governo se repete, sem qualquer inovação: políticos se tornam secretários para obterem um mandato e, depois de eleitos, voltam para as mesmas secretarias.
Nessa roda viva, como que um prêmio pelos desatinos que praticou no comando da polícia civil, o deputado federal Fábio Abreu será convidado pelo governador Wellington Dias para voltar ao cargo de secretário de Segurança. Todos sabem, menos por sua competência, que, pelo visto, não existe, e mais pelos interesses políticos eleitorais de se agasalhar os amigos derrotados da última eleição. Ou seja, essa secretaria que não funciona, e não permite que a população tenha o resguardo de sua tranquilidade, vai ser, outra vez, um celeiro para que o capitão, deputado e secretário possa ser guindado a um novo posto, quem sabe a disputa pela prefeitura de Teresina, daqui a dois anos, montado em uma estrutura que funciona bem, pelo menos em benefício dele, como as últimas eleições assim mostraram. Ou seja, no cargo, como lhe convém, passará mais tempo articulando apoio para uma nova disputa eleitoral do que aparelhar a polícia para salvar a população do bandido.
No que pese a polícia civil dispor de bons nomes, o lugar de secretário de Segurança continua servindo de moeda de troca na política do Piauí. Infelizmente, o que se vê é a dança das cadeiras marcadas e o círculo vicioso, onde tais autoridades, ainda que condenadas, fingem que nada do que foi denunciado lhes diz respeito.
