A Agespisa continua funcionando: sem função definida é uma espécie de zumbi administrativo

Zumbi administrativo

O governo vendeu para a Águas do Piauí as concessões que possuía para exploração dos serviços de distribuição de água e saneamento nos municípios. Ainda assim, a Agespisa, com seus passivos e funcionários, segue funcionando.

É uma espécie de zumbi administrativo: custa dinheiro ao contribuinte, mas não vive, porque não tem função.

Remover o cadáver

A Agespisa é um gigantesco cadáver burocrático a ser removido, não se sabe quando nem a que custo.

Talvez tenha o mesmo destino de outras empresas públicas estaduais, como Comdepi, Cidapi, Codipi, Etelpi e Rede Rimo, extintas no governo Freitas Neto (1991–1994) e nunca totalmente liquidadas.

Foto: Reprodução | AgespisaClientes afetados terão valor restituído como crédito na água

Estado fez concessão dos serviços de saneamento transferida para a Águas do Piauí, enquanto a Agespisa permanece sem função definida.

Emgerpi

Essas empresas foram fundidas no primeiro governo Wellington Dias (2003–2007) numa geringonça autárquica chamada Empresa de Gestão de Recursos (Emgerpi).

Além do nome, que nada explica, a estatal serviu como guarda-chuva para abrigar as massas falidas das estatais extintas no século anterior. Segue sendo um ralo por onde o dinheiro público escoa há mais de três décadas.

Mesmo destino

A Agespisa caminha na mesma direção: tornar-se um zumbi estatal que drena recursos públicos de forma contínua — o que não ocorreria, por exemplo, se na operação de venda dos ativos da empresa o governo tivesse usado os recursos para encerrar o quadro funcional.

Recursos comprometidos

Uma evidência disso é a lei aprovada nesta semana pelos deputados estaduais e já sancionada pelo governador Rafael Fonteles (PT), que autoriza o Estado a conceder garantias, inclusive com a possibilidade de retenção da cota-parte do Fundo de Participação dos Estados (FPE), para viabilizar transações e parcelamentos tributários e previdenciários da Águas e Esgotos do Piauí (Agespisa) junto à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e à Receita Federal do Brasil.

Rombo

Isso significa que, pela segunda vez em menos de 30 anos, recursos públicos estaduais que poderiam ser utilizados em outras áreas serão destinados a cobrir rombos produzidos pela gestão ruinosa da Agespisa.

Memória

Quando governador do Piauí (1991–1994), Freitas Neto saneou financeiramente a Agespisa. Transferiu centenas de milhões de reais em dívidas da estatal para a dívida estadual, permitindo que a empresa tivesse condições de contratar financiamentos para investir.

Não deu certo. Nos anos seguintes, gestores ruinosos ampliaram o passivo da companhia com calotes fiscais recorrentes, que resultaram em débitos superiores a R$ 1,2 bilhão.

Foto: Reprodução | Governo do PiauíAgespisa

Agespisa segue ativa mesmo após a concessão dos serviços de água e esgoto, mantendo passivos e custos ao Estado. (Portalaz)

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