A indústria do titulo de cidadania

 Por:Dom Severino
No
estado do Piauí, outorgar titula de cidadania está sendo banalizado
por pessoas que veem na concessão de um titulo honorífico uma
oportunidade de bajular alguém, de modo a que o homenageado fique preso a
um compromisso, com o autor do projeto, que fatalmente irá cobrar no
futuro, um gesto de reciprocidade.
Como
um caso emblemático da concessão de um titulo de cidadania, podemos
citar, o titulo concedido ao governador do estado de Pernambuco, Eduardo
Campos, que na mesma hora em que recebia o seu titulo, já foi cobrado
pelo presidente da Assembléia Legislativa e pelo deputado estadual que
lhe concedeu a honraria, o compromisso de que se for eleito presidente
da república, não se esqueça de como piauiense, defender os interesses
do estado.
 Agora
me responda, qual a justificativa, para que um jornalista receba um
titulo de cidadania, uma vez que o que ele faz é um serviço como o de
qualquer outro profissional? Não existe justificativa, porque o serviço
prestado por um jornalista profissional, não é relevante, uma vez que
ele presta serviço a uma empresa e não ao público. Quem é do ramo sabe
que existe aquilo que se convencionou chamar editorial, que obriga o
jornalista a ler na cartilha do dono da empresa de comunicação. Isso
quer dizer, que o jornalista só fala aquilo que o empregador permite.   
O
Título de Cidadão equipara a pessoa homenageada a uma adoção oficial. A
pessoa agraciada passa a ser um irmão, um conterrâneo, uma pessoa da
terra natal. Mesmo que um homenageado não tenha nascido ou não resida no Município. Para
que se lhe concedida tal homenagem, faz-se necessário que se diga o que
o homenageado fez sem visar lucros, interesses pessoais ou
profissionais, em defesa do povo do Município ou Estado que lhe concedeu
tal titulo de cidadania.  
Sempre que me ocorre esse assunto, me vem à lembrança a atitude da Promotora de Justiça do Estado do Maranhão, Selma Regina de Souza Martins da
Comarca de Timon, que recusou um titulo de cidadã timonense, sob a
alegação de que ainda não tinha feito nada por esse município, que
justificasse tal honraria. E foi além, ao dizer que o trabalho que ela
fazia pela comunidade desse município, era razoavelmente bem pago para
fazê-lo, o que tira desse tipo de atividade, o caráter ou filantropo.
Desnecessário dizer, que o político bajulador, saiu da audiência com
essa autoridade, sem graça e completamente desmoralizado.
Quem
faz jus a esse tipo de honraria são as pessoas que prestam algum tipo
de serviço voluntário à comunidade. Ao meu sentir, nenhuma autoridade
regiamente paga pelo tesouro nacional, não pode ser incluída no rol dos
voluntários.  A propósito: no Brasil nós não temos a cultura da
prestação de serviços voluntários.

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