A raposa e as uvas hoje

 Por:Zózimo Tavares

Toda
e qualquer especulação sobre a sucessão de 2014, no Piauí, só terá
validade depois de 3 de abril do próximo ano – prazo final para
desincompatibilização. Uma coisa é o governador Wilson Martins decidir
ficar no mandato até o fim. Outra é ele sair para ser candidato a
senador e passar o comando do Estado e da sucessão para o seu vice, Zé
Filho.
Este raciocínio é um tanto acaciano, reconheço,
mas se faz oportuno diante das insistentes investidas dos adversários – e
também de aliados – do vice-governador, no sentido de tentar
desqualificá-lo para o debate sucessório. Não existe governador fraco,
muito menos no Piauí, ainda mais em se tratando de alguém com
experiência política e administrativa.
Zé Filho vem de uma
família política. O pai, Moraes Souza, exerceu vários mandatos de
deputado estadual e de federal. O tio, Mão Santa, foi prefeito de
Parnaíba, deputado estadual, governador duas vezes e senador. Ele
próprio também foi prefeito de Parnaíba e deputado estadual. É líder
empresarial. Preside a maior entidade empresarial do Estado, a Fiepi.
Se
assumir o governo e se candidatar à reeleição, ele não será uma presa
tão fácil como se especula. O PMDB, um partido bem estruturado, está
unido em torno de seu nome. Ao seu partido se somará inegavelmente o PSB
de Wilson Martins. E os dois partidos buscarão apoios de outras siglas
para fortalecer seu palanque.
Há um dado que ainda não foi
levado em consideração em qualquer análise sobre a sucessão estadual de
2014. É esta: Teresina tem uma queda por parnaibano. Foi assim com
Chagas Rodrigues. Também com Alberto Silva. E o xodó se repetiu com Mão
Santa. O que impede Zé Filho de tentar conquistar a capital, como
fizeram seus conterrâneos?
Se vier a assumir o governo, Zé
Filho encontrará o Estado com as finanças equilibradas, os serviços
públicos funcionando e muitas obras em andamento, o que favorecerá a
construção de uma imagem positiva de sua gestão. Apostar, desde já, no
fracasso de sua eventual candidatura chega a ser, então, uma temeridade e
tanto. Ou tudo não passa de uma revisita à clássica fábula da raposa e
as uvas?

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