Por:Zózimo Tavares(*)
Tornou-se comum demais falar mal dos políticos e gestores públicos brasileiros. Não é de hoje. É um fenômeno recorrente, de décadas. Mas está pior hoje. Há, nos tempos atuais, claramente uma crise de credibilidade minando a classe política brasileira. O escândalo do mensalão, dez anos atrás, e o da Petrobras, ora sob a investigação da Operação Lava Jato, coloca nossos políticos e governantes no nível mais baixo de confiabilidade desde que o país redescobriu o caminho da democracia.
É um fato lamentável. Contribui para isso o fato de o PT ter erguido a bandeira da moralidade e da ética na política e na gestão pública durante os quase 20 anos em que lutou pelo poder. Chegou lá, viu o tamanho do problema em que se metera. Passou a beber da mesma fonte em que bebiam todos os partidos à esquerda e à direita que ele, PT, sempre atacara – a fonte das negociatas, do toma lá-dá cá, do apoio em troca de poder, dos desvios e da corrupção, enfim.
Decepcionou quem acreditou que estava ali um partido capaz de mudar o modo de fazer política e, a partir daí, melhorar a gestão pública. O dano que o fracasso político-administrativo do PT causou à confiança do país não tem como se mensurar. É enorme – e, talvez, irreversível. Dilma caiu porque não teve capacidade de juntar uma administração austera com habilidade para o diálogo. Foi de uma incompetência atroz.
Michel Temer assumiu e nomeou para seu ministério velhos nomes do pior que saiu dos Governos Lula e Dilma (e até de FHC), além de representantes do poder mais conservador e oligarca que surgiu no país nos últimos 40 anos. Fora os denunciados e/ou indiciados na operação Lava Jato. Deu no que deu – anteontem, caiu o terceiro ministro do Governo Temer, Henrique Eduardo Alves, do Turismo – não por acaso um ex-ministro de Dilma.
E não é só isso. O que sai das delações premiadas de Sérgio Machado, ex-presidente de uma subsidiária da Petrobras, passa a nítida sensação de que está todo mundo – PT, PMDB, PSDB, PP e outros “Ps” – metido até o pescoço no lamaçal da corrupção e da imoralidade. Quem vai acreditar num país assim? Difícil! A única luz é a esperança de que isso fatalmente dará em alguma coisa quando a tempestade passar. O problema é atravessá-la incólume.
