Agespisa: a maldita herança

                        Antônio Filho, presidente da Agespisa: o povo cobra um serviço de qualidade que a empresa não tem sido capaz de realizar


Acostumado a lidar com o fechado círculo dos formadores de opinião, o novo presidente da Agespisa, Antonio Filho, se viu em plena cova dos leões, com praticamente toda Teresina reclamando após dois dias de falta d’água. Reclamações, aliás, absolutamente legítimas: a falta d’água tem se repetido e nem mesmo o período chuvoso – que implica em menos consumo e, portanto, menos pressão no sistema – tem impedido tais transtornos. O povo cobra um serviço de qualidade que a empresa não tem sido capaz de realizar há muito tempo e, portanto, por muitas diretorias. Diante do quadro dramático, Antonio Filho teve que ocupar os meios de comunicação para explicar que houve um vazamento e que as equipes se desdobraram para corrigir o problema. Explicações pela metade. Porque o presidente da Agespisa deveria falar do que realmente herdou: uma empresa falida, cheia de vícios, onde muitos ganham horrores e poucos, muito poucos, dão algo em contrapartida. A Agespisa é um eterno trem da alegria a percorrer os trilhos da incompetência, com destino às regalias. Nem mesmo o sindicato – que faz de conta que defende a empresa quando de fato só protege os benefícios particulares de um punhado de privilegiados – deu as caras na hora da crise: só aparece para criticar. Claro, há muito a se criticar, como a dívida de R$ 1 bilhão e o déficit operacional que nunca se acaba. Também os salários estratosféricos, os aposentados que voltam ao batente com salários dobrados e a inoperância geral. Uma herança que vem de anos, de décadas. E que a gestão anterior até conseguiu o impensável: tudo piorou. É possível que alguém (olhando para o umbigo ou para o bolso), agora venha defender a privatização como saída. Mas o melhor mesmo é todo mundo baixar a bola, pensar na empresa (e aí, no dinheiro público e no cidadão mal servido) para, então buscar uma solução de verdade. Urgente, porque a crise é grande. A coluna já sugeriu, mas quem efetivamente manda faz ouvido de mercador: para operar, a Agespisa precisa apenas de três diretorias.(Por;Arimatéia Azevedo)

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