Carlos Chagas
Não apenas no PT, mas em boa parte dos meios de comunicação começou a desenvolver-se um raciocínio canhestro e absurdo. Tendo em vista o período de fragilidade porque passa o ministro Antônio Palocci, seria hora de a presidente Dilma Rousseff mudar de postura. Precisaria aparecer mais, viajar mais, falar mais. Atribuem até ao Lula esse conselho, como se a maneira de governar da sucessora fosse a causa das dificuldades porque passa o seu governo. Ora, se há um reconhecimento nacional em torno de Dilma, é por causa de seu jeito de conduzir os negócios públicos, recatada e segura, mas sem as piruetas tão a gosto do antecessor.
Entre sair de Brasília para inaugurar pedras fundamentais de obras futuras e evitando dar entrevistas dia sim, outro também, a presidente opta por reuniões, cobranças e interpelações longe das câmeras e dos holofotes. Até a divulgação de sua agenda é reduzida ao máximo, quando se sabe que com freqüência deixa seu gabinete alta noite.
Estão querendo que Dilma se apresente como não é, seguindo modelo do Lula, cada vez mais despertando comparações negativas para ele. Daqui a pouco vão sugerir que apareça equilibrando pratos, jogando bolas para o alto e usando patins. Exercer a presidência da República não é encenar espetáculos de pirotecnia.