Hoje eu pensei bastante sobre o silêncio. Trata-se de uma das mais poderosas ferramentas de comunicação do mundo. Ele pode comportar a aprovação (quem cala, consente), a desaprovação, a raiva, a alegria contida, o desejo reprimido… Mas, sobretudo, o silêncio é um grito gigantesco a expressar o desprezo que temos em relação a certas criaturas. Nada pode ser mais ensurdecedor que o silêncio do desprezo, a não ser o silêncio da omissão, que pode até matar.
Assim, conclui-se que o silêncio é, sim, uma forma de dizer muito. Se nada dissemos diante da injustiça, por exemplo, aquiescemos a barbárie. Se, diante das provocações, simplesmente nos fechamos em elegante mudez, bradamos alto o desprezo. É o não falar dizendo muita coisa.
Tenho em mim hoje o exercício do silêncio como uma das formas de falar muito. Somente não deixarei minha boca fechar-se, jamais, diante da injustiça. Aí, nem que a dor me persiga, terei que falar, porque a dor física passa, mas aquela que nos atormenta a alma pelo pecado da omissão, nunca nos deixa de acompanhar.
Por: Cláudio Barros, jornalista
Comentários:
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João Cláudio Moreno O silêncio responde até ao que não foi perguntado. Sêneca propõe diante de uma injustiça Paciência, silêncio e o tempo. Gandhi disse Deus è silêncio, Chico Xavier: Silêncio é prece. E aquela enfermeira tradicional no quadro da parede, formada na famosa escola Ana Neri: propõe o dedo na boca, sugerindo, clamando e ordenando psiuuuuuuuuuuuu. Silêncio!há 10 horas · 1