Por Arnaldo Eugênio, doutor em antropologia
A política no Brasil tem nuances que se mostram explícito no período eleitoral, incluindo desde os discursos desconexos sobre as demandas básicas da população, as falsas promessas políticas, as “candidaturas laranja” etc. Mas, um fato, em especial, tem chamado muita atenção. Trata-se da figura das tais “lideranças políticas” ou pessoas que se intitulam como “lideranças locais”, para captar eleitores em troca de favores, de vantagens, principalmente financeiros.
Nas últimas décadas, durante o período eleitoral no Brasil, tem surgido centenas de pessoas inexpressíveis, politicamente, que se autoproclamam como “liderança política”. E, por isso, sendo detentora de uma suposta “mina de votos” à venda para os candidatos a cargos eletivos. São figuras triviais com uma visão limitada sobre a Política e a realidade das comunidades, que têm superfaturado os custos das campanhas eleitorais dos partidos, dos políticos profissionais e dos inexperientes.
Todavia, não é, como muitos acreditam, a maioria da população que extorque os candidatos, mas algumas pessoas, sem generalizar, que se colocam como “líder político” no papel de “captador de votos”. Cujo fim último é obter recursos e favores para si mesmas e de seus familiares, independentemente da vitória ou derrota do candidato, bem como da ideologia partidária.
No mundo da política, as “falsas lideranças” sempre existiram, mas se multiplicaram nas últimas décadas. São espertalhões, mentirosos e trapaceiros, que se apresentam aos candidatáveis a cargos majoritários e proporcionais como detentores de centenas de votos alheios. Ora, são pessoas oportunistas, que se veem e se julgam como sabidas, espertas e inteligentes o bastante para trapacear os candidatáveis e “vender” os votos do eleitoral local, com mentiras, suposições insustentáveis e bargalhas.
Para o sociólogo Max Weber (1864-1920), a “liderança é o processo de influenciar no comportamento e nas decisões de outras pessoas em uma organização ou grupo”. Nesse sentido, as falsas “lideranças políticas” não são detentoras de um poder manipulador de comportamentos e de decisões alheias. E, do mesmo modo que elas enganam os candidatos e os partidos, também são ludibriadas por centenas de eleitores.
Esse tipo de “falso líder” é aquela pessoa que tenta, e alguns conseguem, burlar, enganar, mentir, tramar, vender, manipular e organizar os moradores de determinada localidade a participarem de reuniões e campanhas com candidatos a cargos proporcionais e majoritários. O “falso líder” não é liderança comunitária ou autoridade local, mas, em muito dos casos, é um estelionatário político, que usa da fraude, do engodo, do engano e da trapaça, para gatunar, se autopromover e se locupletar através do prestígio alheio.
Na política brasileira, o “falso líder” é, na verdade, um “estelionatário político”, que vislumbra um respeito e/ou um poder indevido. Ou seja, é uma pessoa ardilosa e de caráter duvidoso, que busca “obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento”.
Segundo Max Weber, o “poder” é a imposição da vontade de uma pessoa ou instituição sobre os indivíduos. Isto é, quando alguém tenta, pela força física, estatal, legal ou de autoridade, impor a sua vontade sobre os indivíduos, essa pessoa está exercendo o poder. No caso da “falsa liderança política”, ela se utiliza de falácias, de trejeitos e de artifícios aparentes, para tentar enganar, manipular e persuadir a vontade do eleitorado. E, assim, usufruir de favores e de recursos financeiros dos candidatos.