João Santana balançar o prestígio do marketing na política do país. O caso de
Santana repete, inchado em alguns milhões de dólares e duplicado no potencial de espalhar lama no
ventilador, o de Duda Mendonça em 2005. Não por acaso são as duas figuras mais
destacadas e mais emblemáticas da atividade a que se dedicam. Também não por
acaso tiveram seus momentos de maior esplendor quando a serviço do PT, partido
que com mais gosto se entregou à trucagem ilusionista. João Santana e Duda
Mendonça são os generais da banda de uma trupe cujo excessivo protagonismo tem
o efeito de distorcer e aviltar a atividade política no país. A seguir, uma
relação de seus mais notórios efeitos nocivos.
inventaram. A mentira acompanha as campanhas eleitorais desde que elas existem
e é parte talvez indissociável delas. No passado pululavam os “promessões”.
Vista de hoje, era a mentira dos pobres. O marqueteiro, com seus filmes,
jingles, mensagens subliminares e outros estratagemas, elevou a mentira à
categoria de uma ciência e uma arte.
marquetagem é ao mesmo tempo causa e efeito da dinheirama despejada nas campanhas.
Arrecada-se mais e mais dinheiro porque a marquetagem custa caro, e
aproveita-se que a marquetagem custa caro para arrecadar mais e mais.
Oficialmente, a campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff custou 318
milhões de reais, dos quais 70 milhões foram pagos pelos serviços de João
Santana. A começar pelos 7,5 milhões de dólares agora descobertos na Suiça, é
de prever que se chegue a novos totais de um e de outro.
fazem-se escolhas. As escolhas derivam de ideias e posições doutrinárias. Nas
campanhas, enfrentam-se ideias e posições. O marqueteiro opera no sentido de
camuflar ideias e posições e evitar escolhas. Quanto mais indefinido o
candidato, mais chance – este é o pressuposto – de arrebanhar o maior numero de
eleitores, ou de desagradar ao menor número. O candidato travestido em
arrebatador genérico é o ideal da marquetagem.
Mendonça/Santana não recuam diante da posição política nem da ficha criminal do
candidato. Duda Mendonça pulou de Paulo Maluf a Lula. Santana teve entre seus
clientes o eterno presidente angolano José Eduardo dos Santos, chefe de
renomada cleptocracia. Como operam eles próprios sem régua moral, inspiram o
candidato a seguir pelo mesmo caminho – se e quando o candidato precisa ser
inspirado para tal.
irresponsável. Os serviços de João Santana aos governos Lula e Rousseff
transcenderam as campanhas eleitorais. A cada passo, ambos os governos
acostumaram-se a chamar o marqueteiro, seja na hora ingrata de reagir a um
escândalo, seja na hora feliz do anuncio de um programa de habitação popular. A
marquetagem é um vício. O marqueteiro é um membro do governo que, ao contrário
do ministro, não é responsável pelos seus atos.
problemas de Dilma decorrem dos métodos utilizados na campanha de 2014. A
campanha orquestrada por Santana é portanto uma herança maldita a atormentar a
presidente. Em 1996, a campanha de Celso Pitta a prefeito de São Paulo mostrou
filmete com um mágico trem suspenso, apelidado Fura-Fila, a percorrer vias
elevadas pela cidade. Era uma promessa tão central na campanha que, eleito, o
candidato obrigou-se a realiza-la, por mais cara e discutível que se mostrasse.
Pitta plantou os primeiros pilotis que sustentariam a via elevada e ficou
nisso. Os dois prefeitos subsequentes arcaram com tal herança maldita até
acharem um meio de a reduzir a simples viaduto para ônibus comuns. O inventor
do Fura-Fila, como chefe da campanha de Pitta, era Duda Mendonça. Seu auxiliar,
João Santana. Os dois, juntinhos.