Bença,
mãe!
Há 11 anos no dia dos pais me vem a lembrança do dia em
que a senhora nos deixou. Era dia 8 de agosto, de 2004. E ainda mexe comigo a
lembrança daquela data, todos os “dias dos pais” que se seguiram. Sua presença
forte, austera, é uma ausência profunda, uma imensa saudade que dá, até de seus
puxões de orelha nos chamando a atenção por algum deslize. E hoje é mais um dia
dos pais igual a tantos, com muitos salamaleques, principalmente nas redes
sociais, às quais a senhora já deve ter acesso por aí.
Sim, mãe. Há 30 anos estudo espiritismo e sei que tudo
o que existe no planeta terra, em termos de avanços tecnológicos, são também
apenas cópias do que existe do outro lado da vida, em forma aperfeiçoada. Por
isso sei que a internet antes de chegar por aqui já existia por aí, sem as
falhas e os transtornos comuns daqui.
Creio na vida após a morte. Daí a razão desta missiva para
falar com a senhora. Lembra mãe, que por sua culpa saí do interior do Maranhão
e vim para a cidade grande estudar? Pois é. Se lá tivesse permanecido, talvez
minha vida teria tomado outro rumo e eu fosse hoje apenas mais um senhor idoso,
com mais de 50 anos de idade, certamente com uma penca de filhos, dependo do bolsa família
para criá-los. E estaria glorificando os governos do PT pelo adjutório. Mas a
senhora, com esse seu jeitão meio zangada, foi querer que a gente estudasse…
E hoje eu sei que o bolsa família é a migalha que eles dispensam aos pobres
enquanto eles saqueiam as fontes de riqueza da Nação.
Aprendi no espiritismo que a gente deve rezar pelos
governantes para que eles saibam se conduzir à frente da empreitada que
assumem. É uma missão difícil, onde lhes é dada a oportunidade de melhorarem a
vida dos menos aquinhoados. Mas, em regra geral, eles esquecem isso e focam só
em melhorarem suas próprias vidas e a dos seus. A maioria é esquecida, o povão,
a plebe ignara, que é levada a se
contentar com os restos do faustoso banquete que eles promovem para si. Mas me
alegra, minha mãe, saber que eles vão
prestar contas do mal praticado por haverem perdido a chance de fazerem o bem a
todos os que deles dependiam, ou seja, a maioria.
Olho às vezes para o céu e fico a me perguntar, minha
mãe: será que as pessoas não observam que a humanidade está vivendo um momento
dramático, da supremacia da maldade, das drogas, da corrupção, do sexo, da
vaidade exacerbada?… Isso sempre existiu, é verdade. Mas nessa intensidade
toda?!!! A mediocridade está em alta, minha mãe! Onde já se viu isso? Os
bajuladores estão se dando bem. Os corruptos estão na ordem do dia… Mas a
senhora me ensinou bons costumes. E eu não os esqueci. Como sei que a senhora
me observa, ainda não me deixei encantar pelo canto da sereia. Como já estou
ficando velho, acho que não vou entrar nessa não.Mas este é outro assunto para depois.
Beijos, minha mãe. Este é só o primeiro contato que
mantenho. Outras missivas virão.
Um abraço do seu filho,
B.Silva