Teresina (24) – A exemplo de outros órgãos como a regional do ICMBio em Parnaíba, no litoral piauiense, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, no Piauí, com sede em Teresina, ainda está sob o comando de bolsonaristas indicados pelo senador Ciro Nogueira e pelo ex-senador Elmano Ferrer, ambos do Progressistas, quase um ano depois da posse do presidente Lula.
As denúncias são de que um processo apolítico passou a ser indicação política. Servidores da empresa estão exigindo mudanças na diretoria.
O mandato do atual gestor, Anísio Lima Neto, já se esgotou, mas ele continua no cargo mesmo tendo sido cabo eleitoral de Bolsonaro e de Silvio Mendes, tendo sido membro da equipe que elaborou o Plano de Governo do candidato a governador, Silvio Mendes, em 2022, junto a Paulo Vieira, chefe administrativo do órgão.
A bancada federal do Piauí, que compõe a base política do governo Lula, quer a abertura de novo processo seletivo no centro do Meio-Norte contando também com o apoio do governador Rafael Fonteles e do ministro Wellington Dias, ambos petistas. Resta a pergunta: vai continuar um bolsonarista em cargo de confiança no governo Lula? A atual presidente nacional da Embrapa, Silvia Massruhá vai encarar esse desgaste?
Das 44 unidades da Embrapa no Brasil, ao menos 30 têm como chefe-geral pesquisadores que passaram por uma avaliação técnica e escolha final no governo Jair Bolsonaro. Os critérios técnicos são variados, mas também existem os subjetivos e é aí que entram as influências políticas de quem está à frente do governo naquele determinado momento. Anísio Lima Neto assumiu o cargo no Piauí em 2021 e encerra o mandato em 2023, mas, pelos critérios da empresa, pode ser prorrogado por mais dois anos.
Anísio Lima está dentro de todos os padrões técnicos exigidos, mas também contou com a indicação dos senadores Ciro Nogueira (Progressistas) e Elmano Ferrer (Progressistas), aliados de primeira hora do ex-presidente Bolsonaro.
O processo seletivo para chefe-geral da Embrapa é feito com a abertura de inscrições na direção nacional da empresa para candidatos nos centros de pesquisa em cada estado. Para se candidatar, é obrigatório ser servidor do órgão e possuir o título de doutor, experiência em gestão, fluência no inglês, entre outros. Mas existem também critérios subjetivos que acabam dando margem a indicações políticas.
Segundo informou a assessoria de Comunicação da Embrapa no Piauí, quando acaba o mandato do chefe-geral, geralmente é feita uma avaliação pela Diretoria para a prorrogação ou não do mandato. Por aqui, os chefes costumam ter seus mandatos prorrogados. O processo não costuma ser tumultuado e a escolha é feita de forma tranquila.
A Embrapa, atualmente, tem cerca de 9 a 10 chefes de Unidades com mandato nesta fase de término para avaliação sobre permanência ou não. Como eles são escolhidos por concurso, a Diretoria demora para avaliar, então, é comum o gestor ficar por meses ou quase um ano, por exemplo, nessa fase.
Mesmo assim, as atividades são realizadas normalmente. O chefe não é obrigado a sair no dia ou mês que acaba o mandato. É feita uma espécie de prorrogação até que haja a recondução ou um novo concurso para escolha de um novo chefe.
Após o processo seletivo, os nomes dos aprovados são enviados para Brasília e é aí que entram os critérios subjetivos e indicações políticas. Na última seleção, três foram aprovados e os nomes dos três foram pra Brasília e o Anísio Lima Neto foi nomeado. As escolhas dos chefes da Embrapa geralmente não coincidem com o início de cada governo.