Carta aberta do Professor Manoel Domingos ao Governador Rafael Fonteles

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Manuel Domingos Neto
Meu prezado Governador, saúde, paz e fraternidade!
Permita-me uma ponderação: planos de desenvolvimento do Piauí que não se escorem no ensino superior, na pesquisa, na extensão e na inovação técnica precisam ser revistos.
Porque é pobre, o Piauí precisa mais da UESPI e da FAPEPI do que São Paulo precisa da USP e da FAPESP.
A melhoria do ensino de nossas crianças e adolescentes depende de profissionais formados pela universidade estadual, a mais capilar. 
Sem valorizar professores do ensino superior, o atraso intelectual legado pelas oligarquias proprietárias não será superado. A degradação salarial dos professores da UESPI contrapõe-se à ideia de desenvolvimento. 
O governo piauiense precisa distanciar-se dessa tradição oligárquica obscurantista e reajustar devidamente os salários dos professores; deve abrir caminho para a renovação de ideias, a industrialização e o bem-estar social!
Além de professores solidamente formados, precisamos de muitos engenheiros, matemáticos, biólogos, químicos, físicos, agrônomos, veterinários, profissionais de saúde… 
Nenhuma área do conhecimento é prescindível no esforço desenvolvimentista. Nenhum dos graves problemas socioeconômicos pode passar ao largo da universidade. É o que indica a experiência mundial.
Alepi autoriza viagens de Rafael Fonteles (PT) para Europa para implantação de escritórios internacionais — Foto: Reprodução /Ccom
Meu Governador, vamos garantir a remuneração digna aos professores da UESPI e os convoque para uma cruzada pela transformação de nossa realidade! 
A ordem internacional oriunda da Segunda Guerra agoniza. Precisamos de historiadores, geógrafos, sociólogos, economistas, antropólogos e cientistas políticos antenados no que se passa ou persistiremos vendo o mundo pela ótica forânea. 
Até quando dependeremos de formulações sudestinas para firmar opinião sobre processos que nos afetam?
Persistimos na velha prática colonial de mandar ao estrangeiro os frutos da exploração de nosso patrimônio natural. Antigamente, vendíamos boi, jalapa, cera de carnaúba, maniçoba, algodão… Agora, oferecemos produtos primários ao custo da degradação ambiental. 
Chame a UESPI para ajudar a sepultar essa sina perversa!
A UESPI é patrimônio social. Os prejuízos da degradação dessa universidade serão graves para o futuro dos piauienses. 
Professor não pode ser humilhado. Os mestres piauienses não pedem absurdos. Não são parasitas. O governo deve conversar com os professores reconhecendo sua relevância estratégica, mais valiosa do que a atração do capital estrangeiro sedento lucro fácil. 
O governo sairá engrandecido ao reajustar o salário dos professores. Reconhecer erros e falhas é ato de grandeza que contribui para superar um passado de triste memória.
Projetar desenvolvimento e melhoria de vida do nosso povo passa pela garantia de vida digna aos professores.
A UESPI deve ser peça fundamental para superar a insegurança pública, os problemas sanitários, as endemias, a mobilidade urbana, a degradação do patrimônio histórico e os limites da produção artística. 
O governo piauiense deve investir massivamente na UESPI. 
Diante do crescimento da extrema direita negacionista, a UESPI deve ser favorecida. Vamos assegurar, Governador, a ampliação de sua capilaridade e da diversidade de cursos, programas de pesquisa e do trabalho de extensão acadêmica. 
Ao alunado, garantamos comida, transporte, boas bibliotecas, bom acesso às diversas linguagens artísticas. 
Lembremos Platão: mude a música e mudarás a sociedade!
Usemos a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí para turbinar projetos fundamentais! Imagino quantos convênios internacionais não poderiam ser estabelecido a partir deste instrumento sempre secundarizados pelos governos piauienses!
Espero não ter me estendido além da conta. Continuemos a jornada de luta contra o obscurantismo!
Muita luz, boa sorte e bom trabalho, prezado Governador!
Manuel Domingos Neto
Professor aposentado e autor de “O que os netos dos vaqueiros me contaram”.

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