Cem dias de perdão

É tradição conceder aos novos  governantes 100 dias de graça até que eles se ajeitem na cadeira e consigam mexer os seus próprios pauzinhos.Nesses 100 dias, espreita-se, prescruta-se, ensaia-se e costuma-se anistiar os novatos, mesmo quando não estão batendo um bolão.

A presidente Dilma ainda está longe de completar os seus primeiros 100 dias e muitas pessoas tendem a beatificá-la previamente pelo simples fato de ter substituído o toque diário da corneta auto-glorificadora de seu antecessor por um decoroso e salutar silêncio.Convenhamos: aquela rouquidão de palanque repetindo dia após dia a ladainha megalomaníaca de amor à própria voz, já estava passando um pouco dos limites-inclusive passando dos limites da lei em vários episódios da campanha eleitoral.
Alguma alma sarcástica e impiedosa postou dias atrás em seu perfil no Twitter que “a maior obra de Dilma Roussef, até agora, foi ter calado a boca de Lula”.
A piada é implacável,mas ainda assim uma piada.
Como nos explicaram exaustivamente durante a campanha eleitoral, esse não é um novo governo: é de fato o início do nono ano de uma mesma gestão,onde o titular se retira provisoriamente de cena, por contingências legais, e é substituído por um alter-ego que ele mesmo criou e a quem deu o sopro da vida.
Por essa razão, embora ainda não tenham passado os 100 dias de graça, já é possível esquadrinhar diferenças e semelhanças entre a gestão que se encerrou e a que se inicia. 
Postado no blog do  Ricardo Nobart

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