As eleições ainda nem começaram oficialmente, mas a corrida pelos números já está a todo vapor. Repetindo um velho roteiro conhecido pelos piauienses, institutos de pesquisa voltam a divulgar levantamentos eleitorais que têm gerado desconfiança e indignação entre eleitores e especialistas. A memória recente ainda é viva: nas eleições municipais do ano passado, institutos apontavam vitórias folgadas e até em primeiro turno para nomes alinhados ao governo, como o candidato do PT em Teresina, que chegou a ser projetado com quase 60% dos votos válidos, garantindo vitória imediata.

Em Parnaíba, o Dr. Hélio aparecia na frente com folga, e em Floriano, pesquisas indicavam que o deputado Marco Venício venceria com ampla margem. Nenhuma dessas projeções se concretizou nas urnas. Agora, a cena se repete. O instituto Datamax, o mesmo que indicava vitória massiva de Fábio Novo em Teresina, voltou a publicar pesquisa em parceria com veículos de comunicação ligados ao governo do estado, apontando ampla vantagem do governador Rafael Fonteles em cenários de reeleição. As divulgações têm levantado críticas, especialmente por parte da população, que demonstra crescente descrença quanto à credibilidade desses institutos, considerados por muitos como agentes de influência política, e não de informação.
A repercussão reacende o debate sobre a responsabilidade dos institutos e a necessidade de uma atuação mais firme da Justiça Eleitoral. Especialistas defendem maior rigor na fiscalização, transparência nas metodologias e punições exemplares para quem, por ventura, utilize pesquisas como ferramenta de manipulação da opinião pública. No interior e na capital, o sentimento é de que a população não suporta mais ser desrespeitada por levantamentos que não resistem ao confronto com a realidade das urnas. Enquanto as pesquisas voltam a inflamar o cenário político, cresce também a pressão para que os órgãos de controle ajam, antes que a “farra das pesquisas” volte a influenciar, de forma desleal, o voto do eleitor piauiense. (Silas Freire)