
O ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes comunicou nesta sexta-feira (17) à direção do PDT sua decisão de deixar o partido, ao qual estava filiado desde 2015. A informação foi divulgada pelo jornal O Globo, que confirmou o movimento com interlocutores próximos ao político.
Ciro, que concorreu à Presidência nas últimas duas eleições, avalia agora se filiar ao PSDB ou ao União Brasil, siglas alinhadas à direita, com o objetivo de disputar novamente o Planalto em 2026, desta vez contra o presidente Lula.
A saída de Ciro ocorre em um momento de melhor aprovação do governo Lula, que comemora o menor índice de desemprego da história, segundo o IBGE, e o retorno do Brasil ao mapa da segurança alimentar, com o país fora do mapa da fome da ONU.
Além disso, o governo obteve avanços expressivos em áreas como política industrial, investimento público e aumento real do salário mínimo, fortalecendo a imagem de Lula como o principal articulador do crescimento econômico com inclusão social no cenário atual.
Segundo fontes ouvidas por O Globo, Ciro entregou pessoalmente uma carta ao presidente do PDT, Carlos Lupi, oficializando sua desfiliação. Embora o partido ainda não tenha confirmado o desligamento, lideranças internas afirmam que a decisão é “irreversível”. O movimento marca uma guinada política de Ciro, que passou a adotar um discurso cada vez mais hostil ao PT, mesmo após ter sido beneficiado pelo espaço progressista que o PDT ocupou durante o ciclo pós-Brizola.
Nas eleições de 2018, Ciro obteve o melhor desempenho de um pedetista desde Leonel Brizola, impulsionando o partido a eleger 28 deputados federais. No entanto, em 2022, seu apoio despencou para 3% dos votos, e a bancada pedetista caiu para 17 parlamentares. Desde então, o ex-ministro passou a demonstrar “infelicidade” com a aproximação do PDT do governo federal e do governo do Ceará, ambos liderados por forças do PT.
Ciro também se mostrou insatisfeito com o que chamou de “fritura” de Lupi durante a crise no Ministério da Previdência, que culminou na saída do dirigente pedetista do cargo. O ex-ministro agora busca se reposicionar no cenário político, cogitando o União Brasil — partido de oposição ao PT no Ceará — como possível destino. Outra opção seria o retorno ao PSDB, legenda pela qual se elegeu governador do Ceará em 1990 e na qual mantém laços com Tasso Jereissati, uma das figuras mais influentes da política cearense.
Em agosto, Ciro participou de um evento em Brasília que celebrou a federação entre o União Brasil e o Progressistas (PP), consolidando a aproximação com legendas conservadoras. Analistas veem o gesto como mais um passo na tentativa do ex-ministro de se reposicionar como representante do antipetismo, agora em um campo político dominado pela direita liberal. (pensarpiaui)