DESCENDO A LADEIRA

Por:Zózimo Tavares(*)
Agosto, um mês marcado por tragédias na política brasileira, começou fervendo. Já no primeiro dia útil do mês, a Polícia Federal prendeu novamente o ex-ministro do Gabinete Civil do Governo Lula, José Dirceu, uma das estrelas do PT. Ele voltou para a cadeia no desdobramento da Operação Lava Jato, na qual figura como um dos envolvidos.
A prisão do ex-ministro elevou a temperatura da política ao seu nível máximo de tensão. O PT divulgou nota oficial na qual nega ter participado de “qualquer esquema de corrupção” e reafirma que todas as doações que recebeu foram “legais”. Não fez qualquer referência à prisão do ex-ministro. Para muitos, ao não hipotecar solidariedade a Dirceu, o partido lavou as mãos com o seu ex-líder.
Nas mídias sociais, no entanto, a militância petista não reconhece exageros de atitudes nem malfeitos de seus líderes. Acha até que se eles eventualmente erraram foi porque o PSDB também errou. Ou seja, comparar roubo petista com roubo tucano passa a ser um instrumento de defesa que fica acima da lei.
Em defesa de petistas apanhados com a mão na massa e levados para o xilindró, chega-se a vislumbrar que está em marcha um golpe contra o governo e, no bojo de tal conspiração, estaria também um cerco ao ex-presidente Lula, com o objetivo de prendê-lo e, assim, afastá-lo do caminho da presidência em 2018. Tudo isso seria uma trama ardilosa da mente maquiavélica das elites brasileiras!
Ora, tais elucubrações chegam a ser risíveis. De que elites os petistas estão falando? Nunca antes na história deste país as tais elites foram tão favorecidas pelo governo quanto a partir de 2003, quando os petistas se instalaram no poder. Basta ver os balanços dos bancos com seus lucros estratosféricos e sempre crescentes.
Qual foi a elite que se deu mal mesmo no governo do PT? Nunca a indústria automobilística faturou tanto, nem o ensino privado, nem o agronegócio… Seria a elite política, então? Que nada! Esta, sim, é que tem se dado bem mesmo, por dentro e por fora. 

O que há é que o jeito petista de governar esgotou-se. Ou o partido reinventa-se no tempo que lhe resta de mandato ou começa a dar adeus ao poder. Por enquanto, a sigla prefere atirar pedra para todos os lados a reconhecer os seus próprios erros. E este é seguramente o caminho mais curto para a descida da ladeira.

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