A presidente Dilma Rousseff teve uma conversa com seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, na quarta-feira passada. E falou aquilo que o interlocutor estava doido para ouvir, mas não já: pensa seriamente em NÃO SE CANDIDATAR à reeleição em 2014. A Viscondessa está no governo há menos de oito meses, mas dá sinais de cansaço e de impaciência. Uma coisa era ser uma peça da maquinaria de propaganda do lulo-petismo — a “gerenta” durona —, outra é ser presidente da República e, dado o estado das artes, ter de fazer também a articulação política.
Dilma não concluiu seu primeiro ano de governo, e figurões do petismo já falam abertamente na sua sucessão. É um despropósito. Até outro dia, Lula dizia que tinha de “desencarnar”, para empregar o verbo a que ele mesmo recorreu, e sustentava que Dilma disputaria certamente a reeleição. Ocorre que a insatisfação com a “presidenta” toma conta da base aliada. Mais do que a oposição, muito mais!, são os aliados que não suportam a mandatária. E os petistas não são os que exibem menor desconforto.
Nem poderia ser diferente. Lula, para não variar, não cumpre a palavra empenhada e se comporta como uma sombra no governo e na República. Era ele o fiador do condomínio governista, com sua formidável capacidade de gerar factóides. Dilma era uma peça da engrenagem apenas; não tinha — e não tem — pleno domínio de todas as variáveis com a qual lidava o antecessor. O discurso de ontem do ex-ministro Alfredo Nascimento (Transportes), presidente do PR, em que anunciou a “independência” do partido, foi bastante claro. Com Lula, estavam todos no paraíso; com Dilma, o apoio automático ficou impossível. Ou por outra: com o Apedeuta, Nascimento, o próprio, e os outros 26 defenestrados continuariam a fazer o que vinham fazendo, sem perturbações(…).Reinaldo Azevedo