Maquiavel aconselhava os governantes a fazerem o mal de uma tacada só e o bem, a conta-gotas.
A presidente Dilma Rousseff não seguiu essa receita em relação aos seus aliados do PR, envolvidos em atos de corrupção no Ministério dos Transportes.
Ainda pensou em manter no cargo o ex-ministro Alfredo Nascimento e demonstrou fraqueza diante do diretor-geral do DENIT, Luiz Antônio Pagot, que ameaçou fazer revelações que comprometem o PT.
Fez as exonerações no Ministério dos Transportes a conta-gotas, despertando a ira das “respeitáveis” lideranças do PR, quando todos esperavam que ela limpasse a área de uma canetada só.
Com isso, demonstrou não ter pulso forte e ficou mal com a opinião pública e com os aliados corruptos que ameaçam enredar o PT em mais um caso de corrupção envolvendo o pagamento de propina.
Agindo como uma marionete nas mãos do ex-presidente Lula, Dilma Rousseff tem sido condescendente com essa moçada, inclusive com muitos de seus “companheiros”, e corre o risco de ver o seu governo naufragar em um mar de lama.
O escândalo do PR estourou no exato momento em que muitos expoentes do PT, vistos antes como vestais da moralidade, são denunciados no STF como mentores e operadores do mensalão.
Dilma Rousseff se descobre cercada de corruptos, mas hesita na hora de puni-los exemplarmente e ainda admite que o PR continue fazendo parte de seu governo.
A exemplo do seu antecessor, a presidente abre mão de princípios em nome da tal governabilidade.
Isso deixa patente, lamentavelmente, que as práticas e costumes políticos continuam os mesmos da era Lula.
José Olímpio