Eleições 2024: metade do eleitorado do Piauí tem baixa ou nenhuma escolaridade

Nesse percentual de baixa escolaridade estão os analfabetos, os que dizem saber apenas ler e escrever e os que não foram além do ensino fundamental.

Números sobre escolaridade dos eleitores não são positivos no Piauí (Foto: Marcelo Camargo/Ag. Brasil)

Os dados mais recentes sobre o eleitorado brasileiro divulgados na última sexta-feira (19) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam uma realidade nada agradável para o Piauí. O estado possui metade do seu eleitorado com baixa escolaridade.

Dos 2.698.764 eleitores aptos a votar nas eleições municipais deste ano no Piauí, 49,91% não chegaram e/ou não foram além do ensino fundamental. Os números do Piauí são piores do que os do vizinho estado do Maranhão.

Nesse percentual de baixa escolaridade do eleitorado piauiense estão 7,86% que se dizem analfabetos, 13,34% que declaram saber apenas ler e escrever, 23,16% que possuem ensino fundamental incompleto e 5,55% que declaram ter o fundamental completo.

Números sobre escolaridade dos eleitores não são nada positivos (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A outra metade do eleitorado, 50,1%, é composta dos eleitores que possuem ensino médio incompleto (17,84%), ensino médio completo (20,87%), ensino superior incompleto (4,05%) e ensino superior completo (7,34%).

Dado preocupante

Em alguns municípios do Piauí, a soma dos eleitores com baixa escolaridade está na casa de 70% do eleitorado. Em Caraúbas do Piauí, no Norte do estado, esse percentual é de 70,69%. A situação do município é tão grave que apenas os que se declaram analfabetos e os que dizem saber somente ler e escrever são 40% do eleitorado. Os que possuem ensino fundamental incompleto ou completo são 30,75%.

Cidades de Caraúbas do Piauí (Foto: PHB Drones)

O atual prefeito do município, José Coelho de Santana, o Caburé (PT), está entre os eleitores com baixa escolaridade. Conforme declarou à Justiça Eleitoral em 2020, ele não concluiu nem mesmo o ensino fundamental.

Em Caxingó, também no Norte do Piauí, 68,47% do eleitorado possui baixa escolaridade. Desse total, 21,41% são analfabetos, 13,26% sabem apenas ler e escrever, 29,26% possuem ensino fundamental incompleto e 4,54% têm ensino fundamental completo.Apenas 1,69% do eleitorado de Caxingó possui ensino superior.

Voto de cabresto

A baixa escolaridade do eleitorado piauiense, na maioria dos casos aliada à situação de pobreza, contribui para a pouca consciência política de uma grande parcela dos eleitores do estado. Historicamente, o Piauí e outros estados com taxas altas de analfabetismo e/ou baixa escolaridade são considerados terras férteis para o famoso “voto de cabresto”.

Essa situação também contribui decisivamente para existência de oligarquias políticas que ao longo do tempo mudam apenas os personagens e os partidos, mas cujas práticas são semelhantes, sobretudo a perpetuação por muitos anos no poder e o excesso de parentes em cargos públicos.

Fácil manipulação

Eleitores de bairros periféricos são levados em dezenas de ônibus para eventos políticos. Na foto, os arredores de um evento em Teresina (Fotos: Gustavo Almeida)

O analfabetismo e a baixa escolaridade podem ser facilmente percebidos em alguns eventos políticos no Piauí. A mobilização em massa de eleitores de baixa renda e oriundos de bairros periféricos para comícios, convenções e outros atos de campanha, em ônibus financiados por candidatos, muitas vezes em troca de pequenas vantagens financeiras ou cestas básicas, reflete o uso que agentes públicos fazem da pobreza e do analfabetismo com finalidade meramente eleitoral.

Em alguns casos, parte dos eleitores levados para esses eventos não sabe sequer os nomes dos candidatos, seus partidos ou os cargos aos quais concorrem, conforme já constatado por este colunista em algumas coberturas deste tipo em Teresina.(Por:Gustavo Almeida)

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