Por: Zózimo Tavares
Em reportagem especial assinada pelo editor-executivo do Diário, jornalista Mussoline Guedes, publicada na edição de ontem, sobre o desprestígio político do Piauí, em Brasília, o diretor-geral do Dnit, Sebastião Braga Ribeiro, lembra que o Estado tem “recursos de sobra” para obras na área de transportes.
A reportagem do jornalista Mussoline Guedes foi a propósito da iniciativa do governador Wilson Martins de tomar dinheiro emprestado para fazer a duplicação das BRs-343 e 316, nas saídas/entradas da capital, porque a bancada não conseguiu os recursos em Brasília. Nos demais Estados, essas duplicações foram feitas pelo próprio governo federal.
Segundo o diretor do Dnit, no Piauí estão sendo aplicados R$ 674 milhões em construção, manutenção e sinalização de trechos rodoviários em todo o Estado. “O problema é que é difícil mesmo colocar recursos no Orçamento Geral da União”, afirma. Por uma questão de polidez política, ele não quis dizer: quem manda no orçamento federal são as empreiteiras.
Os recursos carreados para o setor rodoviário se destinam, predominantemente, a obras de recuperação e manutenção de estadas. Há uma predileção das empreiteiras por esses dois itens. Tanto que já se viu, aqui mesmo em Teresina, o Dnit fazer asfalto novo por cima de asfalto bom, ali na avenida João XXIII.
Não é de hoje que acontece a dominação das empreiteiras em relação ao orçamento da União. O problema de arrasta de muito tempo. O PT chegou ao governo depois de anos de pregação contra os esquemas delas, em Brasília. Porém, uma vez no poder, não se interessou em aposentar essa política.
O fato é que há uma inversão de valores. As construtoras têm mais prestígio e mais poder na definição do orçamento que a própria representação política, especialmente em relação aos Estados sem poder, como é o caso do Piauí.
De legislatura para legislatura e de governo para governo, o ciclo vicioso se retroalimenta: a sociedade paga um alto preço pela realização de uma eleição, mas, ao final, os eleitos não representam propriamente o povo, pois na prática quem acaba mandando mesmo são as empreiteiras.