O deputado argumenta que votou seguindo a convicção de seus princípios cristãos católicos e disse, em resposta às represálias do seu partido, que não cometeu nenhum ato antiético.
“Estou muito tranquilo e acho que é um direito dessa secretaria, não é o partido, estar acionando o Conselho de Ética […] Não sei como uma pessoa pode ser cristã e ser a favor do aborto. O aborto corta a vida de uma pessoa. Uma pessoa indefesa, que não tem culpa de ter sido gerada. Ela não se apresentou. Alguém fez a sua vida. Duas pessoas. Ela não pediu para vir. Então, quem acredita em Deus sabe que a vida é um dom de Deus. Às vezes, por vias não corretas, como o estupro, por exemplo. O que devemos é punir o estuprador, não a vítima desse estupro. Você combate um crime com outro crime”, explicou.
Sobre as repercussões no PT, Flávio Nogueira afirma ter observado reação apenas em um segmento do partido. O deputado descarta a suposta pressão de parlamentares para que ele deixe o PT.
“Eu tenho aqui um grupo de deputados do PT e ninguém fala disso. Ninguém. É só algum segmento do partido. Eu venho de Brasília e ninguém fala disso. Não tem nada disso. Aí é interessante, eu nunca coloco a minha religião abaixo do partido. Eu sou católico, professo a minha religião. Minha igreja, desde criança, me orienta que a vida é um dom de Deus”, afirma.
Deputado diz que o presidente Lula (PT), o maior líder petista no país, já havia sido acusado por opositores de ser favorável à prática, mas acabou se manifestando contra o aborto. Nesse sentido, Flávio afirma que o PT deve se decidir se é, oficialmente, a favor ou contra a interrupção forçada da gravidez.
A coluna destaca, com deferência, independentemente do mérito da polêmica PEC, a coragem do parlamentar. Em tempos onde o fisiologismo comanda os cordões da conduta pública de nossos políticos, é cada vez mais raro observar um parlamentar disposto a enfrentar as pressões do seu partido para defender seus princípios morais. (Júnior Santos/Lupa1)