Por: Zózimo Tavares
Os professores da rede estadual de ensino, em greve desde o último dia 14, data da abertura do ano letivo de 2011, têm razão em todas as suas reivindicações. Não é possível trabalhar sem o piso salarial aprovado já há mais de dois anos. Também não é possível trabalhar com as escolas nas condições em que se encontram.
Como se sabe, em muitas escolas da rede estadual de ensino a situação é precária. O próprio secretário de Educação, deputado federal Átila Lira, reconhece que somente em Teresina pelo menos 10% das escolas estaduais são um desastre, quanto ao aspecto de suas condições físicas e também de equipamentos.
Se esse número chega a 10% na boca do secretário de Educação, é porque certamente ele é bem maior. O secretário andou pelas escolas e viu muro caído, infiltrações, teto necessitando de reparo, banheiros em condições deploráveis, bebedouros sem funcionar e capim tomando conta de escola. Não é possível dar aula numa escola assim.
Se todas as reivindicações dos grevistas são justas, como já se disse, muitas reclamações do Governo do Estado também são pertinentes. Por exemplo: o atual governo está começando e precisa de um voto de confiança. O governo passado ficou 8 anos no poder sem ser incomodado pelas lideranças dos sindicatos.
Onde estavam os professores, nos últimos oito anos, que não viram as escolas públicas sendo sucateadas? Uma escola não se acaba da noite para o dia. Mas as lideranças da greve pouco falaram da depredação das escolas. Se falaram, não foi com a veemência de agora, quando colocam a recuperação das escolas como ponto inegociável para o fim da greve.
O início do período letivo já foi retardado em duas semanas. A radicalização está sendo observada dos dois lados – do governo e dos grevistas. Depois, de algum modo, eles acabarão se entendendo. Os alunos da escola pública é que ficarão no prejuízo. Eles são vítimas indefesas de uma greve que, embora seja um instrumento de pressão cabível, é cruel para todos eles, os estudantes.