JOAQUIM BARBOSA PARA PRESIDENTE?

Aguarda-se de um desses pequenos partidos, nem todos de aluguel, o convite para que o ministro Joaquim Barbosa venha  candidatar-se a presidente da República em 2014.  Delírio de desocupados? Susto eleitoral precisamente no dia das eleições municipais? Coisa de anarquistas interessados em desconstruir as instituições?
Talvez não.  Trata-se de uma hipótese,  mesmo imaginando-se  o suposto candidato  disposto a processar e a  mandar para a cadeia, junto com José Dirceu, o infeliz que primeiro tiver coragem de lança-lo.    Porque a voz rouca das ruas às vezes bate de frente com as concepções das elites e até dos malandros que imaginam dominar as instituições. De quando  em quando, prevalece a natureza das coisas. De tão desesperados e desiludidos, os cidadãos comuns voltam-se para fórmulas mágicas  que de tempos em tempos costumam   surpreender.
A inusitada  candidatura de Joaquim Barbosa é uma delas. Paladino da moralidade pública, algoz implacável dos vigaristas de sempre, o ministro apresenta  vantagens suplementares: é negro e doente. Além de pobre de origem e de haver aberto espaço  às próprias custas  no reino dos intelectualmente reconhecidos pela sociedade.
Claro que nenhuma dessas condições o credencia para ingressar no rol dos donos do poder. Muito pelo contrário.  É precisamente por isso que desperta o entusiasmo de quantos buscam uma avenida alternativa para essa trajetória que sempre nos levou para o precipício.
Quem  levantar a possibilidade da candidatura  diante dele arrisca-se a levar um par de coices, menos pelo inusitado da proposta, mais porque o ministro se imaginará  vítima de mais uma solerte manobra dos mesmos de sempre, aqueles que intentam manter-se ou apoderar-se das rédeas da nação  para locupletar-se dos despojos de nossa infeliz sociedade.
No entanto… No entanto, o nome de Joaquim Barbosa será capaz de exprimir a reação àquilo que  o país abomina e tenta  expelir  há décadas. Algo novo. Diferente. Alguém capaz de alimentar ilusões e desbastar a sujeira permanente que nos assola. Um Savonarola   ou um Giordano Bruno?  Um Antonio Conselheiro ou um Zumbi dos Palmares?
Daria certo? Provavelmente,  não.  Séculos de manipulação do poder pelos vigaristas de sempre  o levariam a um beco sem saída. Mas que é salutar pensar na hipótese, isso é.  Um fantasma ronda o Brasil, para horror dos exorcistas de fachada…
Por: Carlos Chagas

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.