Manifestações Populares Brasil à fora:Qual a verdadeira Motivação?

Por: Fernando Gomes(*)

Desde a decisão de algumas prefeituras como as de São Paulo
e Rio de Janeiro, que aumentaram o valor das passagens do transporte coletivo,
assistimos uma série de manifestações contrária ao reajuste da tarifa.
Tais manifestações ganharam notoriedade na imprensa do
Brasil à fora e também com repercussão na mídia internacional, sob alguns
aspectos que relatamos aqui: (1) a legitimidade da manifestação democrática; (2)
infiltração político-partidária querendo fazer uso eleitoreiro do momento; (3)
o despreparo das polícias militares que reprimiram com força desproporcional e
violência; (4) a ampliação do nível de reivindicação extrapolando o suposto
abuso do reajuste.
Na Turquia, recentemente, a população foi às ruas para
protestar contra o governo que queria cortar 600 árvores no Parque Taksim
Gezi  – importante marco da cidade de
Istambul. Parte do local seria demolido para a construção de estabelecimentos
comerciais.
A manifestação recebeu muitos adeptos e acabou ganhando
proporção nacional: o que era um protesto ecológico tornou-se um ato contra o
governo conservador do primeiro-ministro Recep Tayyip  Erdogan. “Demissão de todo o governo”,
gritavam os turcos.
Um Tribunal administrativo ordenou a paralisação das obras
mas o conflito já se estende muito além do parque: “se trata da
participação cidadã em uma democracia”, asseguram muitos manifestantes.
O que há de comum nos dois casos? Uma população sofrida que
não se sente protegida pelo Estado e grita por respeito.
No Brasil ontem(17) , uma nova onda de protesto, maior que
as anteriores,  e com um leque de
reivindicações mais amplo, voltou a tomar conta das ruas de importantes
cidades, em diferentes regiões.  Em todo
o País, cerca de 230 mil pessoas foram às ruas. As marchas foram
caracterizadas, sobretudo por expressões de rejeição da política institucional.
Em São Paulo, reuniu ao menos 60 mil pessoas, segundo
estimativas da PM. Os participantes receberam demonstrações de simpatia dos
moradores das ruas por onde passavam em diferentes trechos da cidade. Na
Avenida Brigadeiro Faria Lima, pessoas saíram às janelas dos edifícios
comerciais para aplaudir e jogar papel picado sobre a passeata.
Em Brasília, manifestantes furaram o bloqueio policial e
invadiram a área externa do Congresso, aos gritos de “o Congresso é
nosso”. Cartazes com os dizeres “Fora Renan” e “Fora
Feliciano” apareceram no ato.
O ponto de ligação entre os manifestante  nas diferentes cidades continuou sendo o
protesto contra as tarifas dos transportes urbanos. Verifica-se, porém, que
aumentou a variedade de grupos de insatisfeitos que aderiram aos protestos, com
novas demandas. A crítica à violência policial foi uma questão frequente. Os
gastos do governo federal com a Copa do Mundo também estiveram entre os alvos.
A caminhada em Salvador cobrou melhorias nos sistemas de educação e saúde
pública.
No Rio, 100 mil pessoas se reuniram nas imediações da
Assembléia Legislativa que virou palco de um violento confronto. Pelo menos
cinco PMs e sete manifestantes foram feridos – 1 deles a tiros -, e 77 PMs
ficaram sitiados no Palácio Tiradentes.
Transparência e combate à corrupção foram exigências levadas
às ruas em Porto Alegre. Em Belém, a cobrança de redução dos índices de
criminalidade na cidade, uma das mais violentas do mundo, apareceu com
destaque.
Curitiba, Belo Horizonte, Salvador e Maceió também
registraram manifestações nas ruas. Os  protestos
se estenderam ainda para cidades do interior, como Londrina, no Paraná.
Em Belo Horizonte motoristas improvisaram um buzinaço de
solidariedade.
Defensores do meio ambiente, feministas, organizações de
direitos humanos, professores e pais de manifestantes presos em atos anteriores
foram alguns dos grupos que aderiram aos protestos.
É preciso compreender a verdadeira motivação desta
mobilização popular. Afinal, o(a)  brasileiro(a)
tem razões para protestar? E nós, piauienses, temos algo a protestar? Ou tá
tudo bem?!
(*) Fernando A. L. Gomes, sociólogo.

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