Músicos do Piauí cobram repasse integral do couvert artístico em audiência pública

Cobrança de couvert artístico será discutida na Alepi (foto ilustrativa)
Cobrança de couvert artístico será discutida na Alepi (foto ilustrativa)

Reivindicação histórica dos artistas locais, o repasse integral do couvert artístico será discutido em audiência pública na Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi). O projeto, proposto pelo deputado Gessivaldo Isaías (Republicanos), busca criar regras claras para uma prática que, segundo músicos, tem se tornado fonte de conflitos e injustiças e foi aprovado na Alepi nesta quarta-feira (17). 

O presidente da Associação dos Músicos do Piauí, Cássio Bruno, foi enfático ao denunciar o que ele chama de um sistema de “enganação”. Segundo ele, o couvert é cobrado do cliente com o propósito de remunerar a banda, mas o dinheiro raramente chega aos artistas.

“Isto está sendo cobrado há anos e anos, é o dono da casa de show, restaurante cobrando do cliente, mas não repassa para a banda. Se é couvert artístico é para a banda, porque não tem couvert churrasqueiro, não tem couvert segurança, não tem couvert dono de casa de show”, argumentou Cássio Bruno.

De acordo com a Associação, a maioria dos estabelecimentos faz um acordo verbal com os músicos, pagando uma quantia fixa que varia entre R$ 200 e R$ 900, independentemente do valor total arrecadado com o couvert. Cássio Bruno exemplificou a disparidade financeira. “Uma casa de shows que cobra R$ 20 de couvert para 400 clientes pode arrecadar até R$ 8 mil em uma única noite, enquanto a banda completa recebe, no máximo, R$ 900.

Vulnerabilidade e a “Agenda”

Apesar de estarem cientes da situação, muitos músicos se sentem reféns do sistema. A grande concorrência no mercado e o medo de perderem a agenda de shows os levam a aceitar as condições impostas.

“Eles preferem ser ‘enganados’! O dono da casa de show pega o dinheiro que seria deles, dois, três, quatro mil, fica com o dinheiro, dá R$ 800, R$ 500, R$ 600, e eles ficam satisfeitos pela vulnerabilidade do mercado”, disse o presidente da Associação.

A situação é tão precária que, segundo Cássio Bruno, alguns estabelecimentos sequer oferecem água ou comida aos artistas, mesmo lucrando com a apresentação deles.

Audiência Pública para encontrar solução

Com a aprovação do requerimento na Alepi, a audiência pública vai reunir todas as partes envolvidas, incluindo músicos, donos de bares e restaurantes, e o Ministério Público, para debater soluções. A Associação dos Músicos do Piauí tem duas propostas principais:

  1. Repasse integral do couvert: o valor cobrado do cliente deve ser repassado na totalidade para a banda.
  2. Fim da cobrança do couvert: os estabelecimentos deixariam de cobrar a taxa dos clientes e pagariam os músicos diretamente com o lucro obtido na venda de bebidas e alimentos.

O deputado Gessivaldo Isaías destacou a importância do evento para a cultura local. “A ausência de regras claras tem gerado insegurança jurídica, conflitos entre artistas, empresários e consumidores, além de dificultar o reconhecimento e a valorização do trabalho cultural local”, afirmou.

Após a audiência pública, que ainda terá a data definida, as propostas serão levadas ao plenário da Alepi para que os deputados decidam se aprovam ou não uma legislação específica sobre o tema.

Fonte: Alepi

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