Por: Carlos José Marques(*)
Esquenta por esses dias o caldeirão social do Brasil.
Somados às habituais greves e paralisações da temporada, surgem aqui e acolá
sinais claros de que o ponto de fervura está próximo. A radicalização que tomou
conta de militantes do PT e de organizações sindicais em um confronto com
manifestantes antigoverno foi apenas um dos inúmeros episódios lamentáveis
dessa ebulição de ânimos. Não um fato isolado. O bloqueio de estradas por
caminhões em todo o País, com registros de violência em várias partes; a agressão
verbal ao ex-ministro Mantega nas dependências de um hospital; e os protestos
em portas de fábrica e nas sedes de governos estaduais e municipais são a
gênese de uma animosidade em escalada. Para o próximo dia 15 está convocada uma
passeata em nível nacional que deve vocalizar a insatisfação com os rumos do
País. A ideia de que o Estado e todas as forças que o compõem vêm abusando da
paciência dos brasileiros é premente. Especialistas apontam que, após a divisão
política nas urnas e o agravamento da crise econômica, a hostilidade social
ganhou as ruas e segue piorando dia a dia. O professor Milton Lahuerta, da
Universidade Estadual Paulista, chegou a comparar o Brasil de hoje com a
Espanha em plena Guerra Civil. No meio da arena de disputas, é notória a incapacidade
da presidente eleita Dilma Rousseff em promover a prometida conciliação, para a
qual bastariam gestos elementares de diálogo com os diversos setores. Mas a
chefe da Nação hesita, se isola e ignora os apupos da maioria. Dá demonstrações
de descaso com o clamor que escuta de seus governados. Nas pesquisas sua
popularidade desaba, mal começou o segundo mandato. Enquanto isso, tal qual um
carbonário prestes a incendiar as massas com gritos de ordem, o ex-presidente
Lula convoca simpatizantes para a “guerra”. Em um encontro na semana passada
com trabalhadores da Petrobras – entoando a cantilena do populismo
inconsequente – disse estar pronto para “lutar” e, ao lado do coordenador do
movimento radical MST, João Pedro Stédile, não deixou margem a dúvidas:
“Sabemos brigar também, sobretudo quando o Stédile colocar o exército dele na
rua”. Até onde almeja ir o patrono de Dilma? No Brasil de inúmeras demandas e
tanto descontentamento, não há espaço para o equivocado lema do “nós contra
eles” que Lula insiste em pregar. Neste momento, triste é perceber a ausência
de líderes pacificadores, chamando o País para a racionalidade. Fazem falta
nomes como Ulysses Guimarães e Tancredo Neves, que apostavam no jogo da
convergência e uniram a Nação em torno de uma mesma ideia: a democracia.
Somados às habituais greves e paralisações da temporada, surgem aqui e acolá
sinais claros de que o ponto de fervura está próximo. A radicalização que tomou
conta de militantes do PT e de organizações sindicais em um confronto com
manifestantes antigoverno foi apenas um dos inúmeros episódios lamentáveis
dessa ebulição de ânimos. Não um fato isolado. O bloqueio de estradas por
caminhões em todo o País, com registros de violência em várias partes; a agressão
verbal ao ex-ministro Mantega nas dependências de um hospital; e os protestos
em portas de fábrica e nas sedes de governos estaduais e municipais são a
gênese de uma animosidade em escalada. Para o próximo dia 15 está convocada uma
passeata em nível nacional que deve vocalizar a insatisfação com os rumos do
País. A ideia de que o Estado e todas as forças que o compõem vêm abusando da
paciência dos brasileiros é premente. Especialistas apontam que, após a divisão
política nas urnas e o agravamento da crise econômica, a hostilidade social
ganhou as ruas e segue piorando dia a dia. O professor Milton Lahuerta, da
Universidade Estadual Paulista, chegou a comparar o Brasil de hoje com a
Espanha em plena Guerra Civil. No meio da arena de disputas, é notória a incapacidade
da presidente eleita Dilma Rousseff em promover a prometida conciliação, para a
qual bastariam gestos elementares de diálogo com os diversos setores. Mas a
chefe da Nação hesita, se isola e ignora os apupos da maioria. Dá demonstrações
de descaso com o clamor que escuta de seus governados. Nas pesquisas sua
popularidade desaba, mal começou o segundo mandato. Enquanto isso, tal qual um
carbonário prestes a incendiar as massas com gritos de ordem, o ex-presidente
Lula convoca simpatizantes para a “guerra”. Em um encontro na semana passada
com trabalhadores da Petrobras – entoando a cantilena do populismo
inconsequente – disse estar pronto para “lutar” e, ao lado do coordenador do
movimento radical MST, João Pedro Stédile, não deixou margem a dúvidas:
“Sabemos brigar também, sobretudo quando o Stédile colocar o exército dele na
rua”. Até onde almeja ir o patrono de Dilma? No Brasil de inúmeras demandas e
tanto descontentamento, não há espaço para o equivocado lema do “nós contra
eles” que Lula insiste em pregar. Neste momento, triste é perceber a ausência
de líderes pacificadores, chamando o País para a racionalidade. Fazem falta
nomes como Ulysses Guimarães e Tancredo Neves, que apostavam no jogo da
convergência e uniram a Nação em torno de uma mesma ideia: a democracia.
(*) Carlos José Marques,
diretor editorial- revista ISTOÉ
diretor editorial- revista ISTOÉ
