NORDESTE – FESTEJADO COMO SEMPRE E SECO COMO NUNCA

Por:Benedito Gomes(*)

Nossa região, se comparada com
outras de nosso planeta, está em um lugar privilegiado – dos lençóis
maranhenses ao recôncavo baiano. Temos, sem duvida, o melhor e mais bonito
litoral do Pais; temos praias o ano inteiro, lindas serras climatizadas,
grandes cidades e o conhecido sertão nordestino, território brasileiro que
enfrenta grandes secas há centenas de anos, mas resiste com bravura. 
A caatinga
retorcida, desfolhada pelo vento, e novamente robusta e verde com a volta da
chuva, é mais uma demonstração de que somos resistentes. O sertão nordestino é
um celeiro, de escritores, cordelistas, compositores, poetas e etc… Vou citar
três nomes apenas para ilustrar: Raquel de Queiroz, Luiz Gonzaga e Patativa do
Assaré. 
As maiores secas que atingiram o Nordeste foram as de 1888 conhecida
como “A Seca dos Três Oito” a de 1915 que deu origem ao romance “O Quinze” e a
que vivemos atualmente. que já dura quase cinco anos.
A cada período de estiagem prolongada o
interior nordestino ficava quase desabitado, parte da população migrava para o
Maranhão, São Paulo ou para as grandes cidades quase todas do litoral. Há 100
anos as dificuldades para se combater a hoje chamada “Crise Hídrica” eram bem
maiores. A falta de estradas, transporte, energia, mesmo assim muito se fez, grandes açudes por exemplo. 
                          Resultado da estiagem:Rio Canindé secou
A convivência com este fenômeno, seria bem melhor
se não fosse a incapacidade de nossos homens públicos, que são responsáveis
pelo bem estar da coletividade. Tem como reduzir o efeito catastrófico da seca?
Com certeza. Vamos aos fatos: Em Piracuruca, de baixo da ponte que vai para Sete Cidades, existe uma barragem com as seguintes dimensões: 20 metros de
comprimento, 01 metro de largura e 02 metros de altura, construída não se sabe
por quem. Alguns dizem que foi pelos irmãos Dantas, no século XVIII, o que se
sabe é que dela para baixo existe um filete d’água e para cima mais de 01 km de água perenizada para quem quiser fazer uso.
Do Maranhão à Bahia temos centenas de rios
temporários, como os nossos conhecidos rio Pirangy, Rio Longá, Piracuruca,
Titara e outros. Uma pequena barragem como a que citei antes custa hoje em
torno de R$ 30.000,00. Isso que dizer que 1000 delas custariam trinta milhões de
reais, sendo construída no período atual que está seco, quando o inverno chegar
a barragem enche, água excedente ultrapassa e vai embora. No final do inverno o
rio vai baixando e a água fica no nível da barragem, dela para baixo 01 km de
terra úmida própria para plantação e para cima 02 km de água perenizada para
uso geral. Isso quer dizer com 1.000 barragens 30 a 40 milhões de reais, teremos 3000 km
de água para servir as pessoas, animais, plantações e tudo mais.
Esta é a maneira racional de se conviver com
o nosso Nordeste. A outra é a transposição do Rio São Francisco, onde já gastaram R$
300.000.000,00 (trezentos milhões) entre obra, corrupção e propina e o
resultado todos sabem.
(*)Benedito Gomes
Contador UFPI

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