O coronavírus e a suspensão das eleições

Por:Zózimo Tavares

Uns de boa-fé,  verdadeiramente preocupados com o cenário pavoroso que se anuncia; outros por mera esperteza. O fato é que os políticos estão aproveitando a explosão da crise do coronavírus no Brasil para propor o adiamento das eleições municipais deste ano.

O primeiro a tratar da questão foi o líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP), que encaminhou ofício nesse sentido à presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber.

Ele justifica que a medida tem o objetivo de evitar o contágio de pessoas com o início da campanha eleitoral e também ajudar na economia de recursos públicos.

O senador argumenta, no ofício, que o início da campanha eleitoral, em agosto, irá resultar em “movimentação e aglomeração de pessoas não somente durante todo o período da caça ao voto, mas também no dia da votação, o que pode gerar uma grande multiplicação do contágio da doença.

Elmano apresenta PEC

O senador Elmano Férrer (Podemos) foi mais adiante. Ele já preparou uma Proposta de Emenda Constituição (PEC) para adiar as eleições de outubro.

“A propagação da COVID-19 trouxe o caos à Saúde Pública e à Economia do Brasil e do mundo.

Para conter o avanço da doença está sendo necessária a adoção de drásticas medidas restritivas. Isto se justifica pela facilidade do contágio e pela rapidez com que a doença leva a vítima ao óbito, principalmente os enfermos considerados grupos de risco (idosos, hipertensos, diabéticos, grávidas, dentre outros)”, expõe.

O senador afirma ainda que, segundo projeções do Ministério da Saúde, “estamos longe da fase mais crítica de transmissão da doença. O pior ainda está por vir.”

O senador Carlos Viana (PSD-MG), aproveitou sua fala em inédita sessão remota da Casa para levantar o tema.

“É claro que essa é uma decisão ainda prematura, mas que precisa começar a fazer parte das nossas discussões, em primeiro lugar pelo calendário que ora já está valendo e que pode ser muito prejudicado pelas quarentenas com o cancelamento das reuniões”, argumentou.

Ministro apóia

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, defendeu ontem, em reunião online com prefeitos, que as eleições sejam adiadas em função da pandemia.

O primeiro turno da disputa está marcado para o dia 4 de outubro – para eleição de prefeitos e vereadores de todas as cidades brasileiras. 

“Eleição no meio do ano… uma tragédia. Vai todo mundo querer fazer ação política. Eu sou político. Não esqueçam disso”, afirmou. 

O partido Podemos já anunciou que irá pedir ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o adiamento das eleições, ao menos até dezembro.

O líder do partido na Câmara, Léo Moraes (RO), argumenta que todo o calendário eleitoral, como realização de convenções, preparação do processo – como teste com urnas eletrônicas – propaganda e propriamente os dias de votação nos dois turnos – 4 e 25 de outubro – coincidirá ainda com a presença da epidemia do coronavírus no país. 

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