O difícil caminho da Educação Infantil à Universidade Federal do Delta!

Por: Fernando
Gomes(*)
Parnaíba cada vez mais vem se
firmando no seleto grupo de cidades ditas “universitárias”. Uma vertente que,
indubitavelmente, contribui para a formação intelectual e crítica da sociedade.
Nesta semana celebramos com orgulho a transformação do Campus Ministro
Reis Veloso da Universidade Federal do Piauí (CMRV/UFPI) em Universidade
Federal do Delta (UFD). Ato conduzido pela presidente Dilma Rousseff ocorrido
no dia 09 de maio no Palácio do Planalto.
De parabéns está a Parnaíba! A UFD
poderá ser o motor para se ampliar os horizontes e oportunidades até então
despercebidas neste fantástico território. Muitos contribuíram para este feito,
lembrando aqui dos ex-senadores: Alberto Silva e Mão Santa. Igualmente,
merecedora de destaque foi a atuação parlamentar do deputado federal Paes
Landim na consecução do projeto. E, com justiça, especialmente, destaca-se a
equipe administrativa e o quadro de professores do CMRV que tem à frente o
jovem e dinâmico Professor Alex Marinho. Só eles sabem o que trilharam até aqui
e dos desafios vindouros!
O governo federal está fazendo a sua
parte: ampliou os cursos oferecidos, investe em contratação de professores e na
infraestrutura do Campus. Porém para se chegar à Universidade tem que se ter
uma base intelectual. Como anda nossa educação que prepara este caminho? Como o
estado e o município estão nessa obrigação constitucional? Quem está chegando à
universidade? Quantos ficam pelo caminho? Quem sai e qual a qualidade da
formação? São perguntas que nos jogam na pouca e desvirtuada discussão da
qualidade do ensino público oferecido em Parnaíba.
A atividade educativa acontece nas
mais variadas esferas da vida social. A relação educação-sociedade é uma
relação histórica e dinâmica que vêm sendo construída com a história da própria
cidade, a prática educativa é, portanto parte integrante das relações sociais.
Estaria a educação escolar sendo desenvolvida com o fim precípuo de transformar
as pessoas? Ou em sendo resultado de uma longa evolução na forma de organização
do poder local, ela traz em si a ideia de institucionalização desse poder? Não
trago a pretensão de discutir o modelo ou a prática de nossa educação, apenas
realço a ideia do poder que tem enquanto processo capaz de emancipar o
indivíduo, atuando em seu favor.
Um dado de uma pesquisa nacional
revela que apenas 20% dos nossos jovens concluem o ensino médio. Isto é um
desastre com danos irreparáveis. É como se construíssem 100 casas e mantivessem
80 delas absolutamente fechadas, mesmo com famílias precisando de moradia.
Estamos avançando no ensino superior
sem dar a mesma atenção à educação infantil e ao ensino fundamental. Esta é a
base. E, é sabido que não se constrói uma casa pelo teto. Se não tiver um bom
alicerce a estrutura não suporta. Se de um lado, estamos nos transformando
em uma cidade universitária por graça e obra dos investimentos federais,
estadual e privados, por outro, devemos cuidar da qualidade do ensino infantil,
fundamental e médio oferecido às nossas crianças e jovens. 
A Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional – LDB no artigo 29 dispõe que a educação infantil, primeira
etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da
criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico,
intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Dessa
maneira, é dever do Estado assegurar às crianças de zero e seis anos de idade o
atendimento em creche e pré-escola segundo dispõe o artigo 30.
Quando o governo federal lançou o
slogan “Brasil Pátria Educadora” se esperava uma melhoria do ensino, mas não
passou de uma retórica discursiva na agenda oficial. O que era para se tornar
uma política pública de excelência ficou para traz. Os governos estadual e
municipal ficaram esperando o “dinheiro” para transformar a educação. Nenhuma
iniciativa concreta se deu nessas esferas para o enfrentamento do desafio que é efetivação
de uma escola de qualidade, mesmo sabendo da complexidade que é.
O PT discursa que colocou o filho do
pobre na universidade, é um fato. Mas como? Criando cotas e dando bolsas de
estudo. Um negro ou pobre deve ingressar na universidade por seus méritos, a
partir de uma democrática oferta de ensino com a qualidade que lhe permita ter
as mesmas condições de concorrer com o branco ou rico. As pessoas querem é dignidade,
respeito e não serem tratadas como “coitadinhos”. Mas, sob o discurso hipócrita
da “justiça social” se apropriaram de um programa que esconde a realidade
brasileira: a falta de qualidade da educação.  Quando isso falta, volta o
problema. Como no caso dos cortes no Fundo de Financiamento Estudantil – FIES
se vê o drama. Estudantes que não podem pagar a faculdade estão trancando e
perdendo seus cursos. Os governos esqueceram de dar educação de qualidade para
todos. Uma educação infantil e de ensino fundamental levada à sério é o que
transforma, dá a oportunidade a todos.
… Aos professores, fica o convite
para que não descuidem de sua missão de educar, nem desanimem diante dos
desafios, nem deixem de educar as pessoas para serem ‘águias’ e não apenas ‘galinhas’.
Pois, se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a
sociedade muda” (Paulo Freire). 
(*) Fernando Gomes, sociólogo,
eleitor, cidadão e contribuinte parnaibano.

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