Michel Temer faz as mudanças que todos os outros presidentes prometeram e nada fizeram
É comum se dizer que só faz mudanças profundas, na contramão da opinião pública e contra as conveniências políticas o presidente que está num regime ditatorial, como foi o caso de Pinochet, no Chile, que empurrou goela abaixo do povo uma ampla reforma institucional, ou na condição de chefe da nação que não tem nada a perder e que não pleiteia reeleição. Como semana passada bem lembrou Joaquim Almeida, em postagem nas redes sociais, parafraseando Alexis de Tocqueville “o momento mais perigoso para um governo ruim é quando ele começa a fazer reformas”. É o caso do presidente Temer. Ele está muito ruim de imagem perante a opinião pública e até já avisou que não disputará a reeleição tanto que nem está correndo atrás de melhorar seus índices de aprovação popular. Mas, apesar de tudo isso, Temer tem demonstrado sintonia com grandes mudanças institucionais no país, passando pela contenção de gastos públicos, que alvoroçou o povo; está lidando com o câncer maior, que é a questão do déficit da previdência, vai alterar a lei trabalhista – tão sensível aos sindicatos – e até na questão do petróleo do pre-sal, que passa a ser também flexibilizado. Essas medidas estão sendo tomadas no momento em que o governo federal está quebrado, os Estados também e, por via de consequência, a maior parte dos municípios passa por grave dificuldade financeira. Temer demonstra, portanto, o destemor necessário para tocar em assuntos da abrangência e sensibilidade já enumerados. Fazem parte ainda do elenco de medidas antipáticas, as reformas tributária e política, que todo presidente – de Getúlio para cá – promete e nunca mexeu como deveria. Por isso não é exagerado dizer que essas reformas transformam o mandato de presidente no dilema de Temer, sem que ele nem deva ser reconhecido por tal ousadia. Terá que aguardar o julgamento da história.(Por: Arimatéia Azevedo)
