O Espírito do Natal e o espírito de porco

Por: Bernardo Silva(*)
Não gostaria de fazer um artigo sobre o natal na forma bem melosa dos costumeiros textos publicados nesta época do ano. Gostaria, sim, de dizer que, para mim, Natal é uma data como outra qualquer, porque busco sempre estar em paz comigo mesmo. Todos os dias faço o que posso para ser feliz e fazer feliz os que me rodeiam. E esta luta é constante, diária. E se não consigo o meu objetivo durante todos os 365 dias no ano, apenas abrir a boca agora e dizer “feliz natal e próximo ano novo”, não vai adiantar nada. Talvez valha mais um abraço bem apertado, sincero; um largo sorriso, uma conversa “pra cima”, coisas que a gente deve buscar todos os dias também.
Minha mesa farta não me satisfaz, porque não dá para esquecer os que lá fora vivem as dores do dia a dia, lutando pela sobrevivência. Egoísta buscar ser feliz só com os meus, na noite do natal, sem ao menos pedir em oração que Deus olhe pelos pequeninos, pelos deserdados e pelos perdidos que se matam dia a dia nas drogas e/ou se prostituem por um prato de comida.
Mas não vou entrar neste clima romântico porque a intenção é outra: é chamar a atenção das pessoas para uma reflexão sobre a realidade do mundo, das pessoas, desta família que Deus destinou a viver no planeta terra que estamos destruindo, de todas as formas. E começamos por destruir a nós mesmos, com nossa forma egoísta de ser, de só pensar em nós mesmos e na plenitude de nossas realizações.
Como estará neste momento o coração dos políticos corruptos que sempre aproveitaram o poder para viverem nababescamente, enquanto o vizinho do lado jamais deles mereceu, sequer, um bom dia! Como estará neste momento a mente daqueles que perderam a grande chance de servir, quando a oportunidade lhes chegou às mãos, optando por servirem-se de algo que Deus permitiu chegar a eles para compartilharem, dividirem com os menos aquinhoados.
O natal de milhões de famílias este ano será muito mais pobre no Brasil. Por que? Exatamente pelo egoísmo de um grupo político que se apoderou do poder, mentindo, enganando os mais necessitados com um discurso bonito, enquanto surrupiavam e colocavam em suas contas bancárias aqueles recursos que seriam para distribuir, compartilhar, dividir com a grande família de brasileiros, sempre tão carentes de tudo, inclusive de verdades.
Eu não posso pensar em felicidade se não tenho paz de espírito. Se a minha mentira prejudicou a outrem. Se minha forma dissimulada de ser prejudica a quem precisa da minha ajuda, do meu apoio, da minha contribuição sincera;
Eu não posso ser feliz e entrar em clima de natal se eu roubei de quem precisa mais do que eu; se eu iludi e enchi de esperanças pessoas às quais eu usava para poder atingir meus objetivos maiores; Não, não posso desejar a ninguém “um feliz natal e um próximo ano novo”, se ainda não me dispus a ser melhor, a ajudar, a ser solidário, a ser sincero, sempre.
Que me perdoem os velhos e carcomidos políticos que ainda pensam que o poder é para eles se enriquecerem. Para humilhar o menor, para roubar o que a ele (o menor) pertence, enquanto dele faço chacota nos salões de festas, nas suntuosas recepções, consumindo as mais caras bebidas e os mais refinados pratos. Não, isso não é natal.
Volto a pedir perdão aos maus políticos por afirmar-lhes: vocês jamais saberão o que seja o “espírito do natal”, porque vocês, por vontade pessoal, transformaram-se em verdadeiros “espíritos de porcos”.
(*)Bernardo Silva, jornalista e professor
Fonte:Jornal “Tribuna do Litoral”
NAS BANCAS!

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.