O pedido de Natal do povo do Piauí

Nada de luxo

O povo do Piauí não pede nada de luxo. Pede dignidade. Não pede palanque, pede água. Não pede propaganda, pede saúde.O que o povo pede é tão simples que chega a ser ofensivo ver como virou artigo de luxo.

Foto: ReproduçãoNatal

Figurante

O povo pede para não ser tratado como figurante de campanha, nem como número inflado em pesquisa que ninguém acredita.

Pede para não ter que escolher entre pagar a conta de água ou comprar comida, quando a água, ironicamente, nem chega.

Pede que parem de viajar tanto enquanto aqui falta o básico. Que parem de falar bonito enquanto o interior seca, a saúde falta e a educação vira fachada bonita. Pede menos foto, menos promessa, menos vaidade.

Pede que Deus seja respeitado, não usado. Que pobreza não vire discurso. Que esperança não seja explorada como se fosse recurso renovável.

O povo pede que a política pare de ser negócio de família, herança de sobrenome e acerto de bastidor.

Pede que alguém, ao menos uma vez, olhe nos olhos de quem espera e diga a verdade, mesmo que doa.

No fim, o pedido é quase constrangedor de tão humano: não nos enganem mais. E talvez por isso mesmo seja o presente mais difícil de entregar. (Fábio Sérvio/Portalaz)

 

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