Por:Zózimo Tavares
O acirramento de ânimos entre brasileiros a favor e contra o governo, que já era intenso no movimento do impeachment da presidente Dilma Rousseff, manifesta-se ainda com mais vigor a partir do episódio da condução coercitiva do ex-presidente Lula, no final de semana, para depor na Polícia Federal, em processo da Operação Lava-Jato.
O Brasil vem de uma eleição presidencial que saiu praticamente empatada. A presidente Dilma foi reeleita com uma diferença ínfima de votos. Ela obteve 54.501.118 votos (51,64% dos votos válidos) e a chapa encabeçada pelo senador Aécio Neves (PSDB) recebeu 51.041.155 votos (48,36% dos votos válidos). Isso em um universo de 112.683.879 votos apurados.
Mesmo com o país rachado, de lá para cá, a presidente quase não teve tempo de governar. O tempo inteiro ocupou-se de gerenciar crises, uma atrás da outra, as principais delas o pedido de seu afastamento por causa das chamadas “pedaladas fiscais” e a desintegração de sua base política no Congresso.
Ao mesmo tempo, avançaram as investigações da Operação Lava-Jato, revelando para o país e para o mundo aquele que já é considerado o maior esquema de corrupção do planeta. Diante de tanta tempestade, o governo ficou paralisado, a crise econômica se aprofundou gravemente e a popularidade da presidente, que já era modesta, entrou em queda livre.
Tudo isso tem servido de combustível para alimentar a indignação de milhões de brasileiros contra o governo. Porém, os que são fieis ao PT não aceitam de forma alguma a mais leve crítica. E partem sem modos para cima dos que se posicionam contrários ao governo e seu imaculado partido! Em tom de fúria, tacham-lhes de golpistas, reacionários, fascistas e o que mais for preciso para tentar desqualifica-los. E apegam-se às conquistas sociais da última década em sua defesa.
Nem a Lava-Jato nem ninguém vai apagar da história os avanços sociais que o país conquistou na era petista. Mas essa mesma história vai registrar também em suas páginas que os principais cabeças desse partido estão na cadeia por corrupção, por montarem uma organização criminosa para assaltar o país. E outros ainda irão. É isso que apavora o PT?
É fato que não foi o Partido dos Trabalhadores que inventou a corrupção no Brasil. Mas isso não é desculpa. O PT chegou ao poder em nome da moralidade e da ética, para combater a corrupção, e não para reinventá-la nos padrões exponenciais e escandalosos que envergonham o país e assustam o mundo.
Com que autoridade moral, a estas alturas, esses furiosos do PT podem apontar o seu dedo contra alguém?