Em janeiro, fevereiro, março, abril, maio — e até julho, quando já não é mais tempo de São João — a Secretaria de Turismo do Piauí esteve em festa. Não uma festa no sentido figurado, mas festa mesmo, com bandas de forró, vaquejadas, exposições agropecuárias e até um campeonato de futebol.

Os contratos que bancaram essa folia têm uma coincidência quase matemática: vieram de emendas parlamentares do deputado Pablo Santos (MDB), ex-secretário de Turismo, hoje prefeito de Picos, herdeiro de uma dinastia política que inclui o pai, Warton Santos, e o avô, Waldemar Santos, senador nos anos 1980.
Nove em cada dez emendas do deputado foram parar na Setur, a pasta que até pouco tempo atrás era comandada por ele mesmo. O arranjo dispensa malícia para parecer, no mínimo, conveniente: Pablo saiu da secretaria em 2024 para disputar a prefeitura de Picos e, eleito, deixou a máquina programada para irrigar shows por todo o estado.
As empresas da festa
Entre os credores da Setur, alguns nomes se repetem como atrações de festival de interior. Valas Eventos e Produções Ltda. virou campeã de cachês: em Corrente, Piracuruca, Angical, Monsenhor Gil, Água Branca, Castelo do Piauí e Demerval Lobão, a empresa faturou cifras que variaram de R$ 120 mil a R$ 160 mil por apresentação. O cardápio incluiu Swing do Leva, Oz Bambaz, André Rhamon e Levi Alvim. (Com informações do Portalaz)